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HISTÓRIA
Professor acha que comprovação é impossível
Estudiosos exumam restos
mortais de Aleijadinho
FÁBIA PRATES
da Agência Folha, em Belo Horizonte
Uma equipe de médicos, biólogos e geneticistas mineiros faz hoje, às 9h, em Ouro Preto (MG), a
exumação dos restos mortais de
Aleijadinho, o mais importante
artista do barroco brasileiro.
A equipe, coordenada pelo médico Geraldo Barroso de Carvalho,
especialista em dermatologia e
hanseníase, está em busca de informações que podem alterar a
biografia do artista.
Ele quer saber se o escultor era
portador de porfiria, uma doença
rara, descoberta 40 anos depois de
sua morte e que causa lesões na
pele exposta ao sol, podendo provocar também deformações.
Segundo Carvalho, se for confirmado que Aleijadinho teve porfiria, fica mais fácil entender porque
o artista escondia o corpo, usando
roupas de manga comprida.
Poderá ser esclarecido, por
exemplo, porque ele trabalhava
protegido por um toldo e preferia
sair para trabalhar de madrugada
e retornar à noite.
Outro lado
O professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e
especialista em reumatologia Geraldo Guimarães da Gama, também estudioso da história de Aleijadinho, põe em dúvida a confiabilidade dos estudos após a exumação.
Segundo ele, não há como provar que os ossos avermelhados sejam do artista. Isso porque o corpo
de Aleijadinho foi enterrado numa
vala comum e seus restos estariam
misturados aos de outras pessoas.
O médico Geraldo Barroso de
Carvalho, que vai coordenar os
trabalhos hoje em Ouro Preto, disse que ouviu textualmente do zelador da igreja que acompanhou a
primeira exumação que havia vários corpos enterrados.
O de Aleijadinho, no entanto, foi
diferenciado por ser o primeiro na
vala, com base no registro de óbitos, e por ser o único que apresentava, com os cabelos encaracolados, características de negro. A
mãe de Aleijadinho era escrava e o
pai, português.
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