São Paulo, segunda, 16 de março de 1998

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HISTÓRIA
Professor acha que comprovação é impossível
Estudiosos exumam restos mortais de Aleijadinho

FÁBIA PRATES
da Agência Folha, em Belo Horizonte

Uma equipe de médicos, biólogos e geneticistas mineiros faz hoje, às 9h, em Ouro Preto (MG), a exumação dos restos mortais de Aleijadinho, o mais importante artista do barroco brasileiro.
A equipe, coordenada pelo médico Geraldo Barroso de Carvalho, especialista em dermatologia e hanseníase, está em busca de informações que podem alterar a biografia do artista.
Ele quer saber se o escultor era portador de porfiria, uma doença rara, descoberta 40 anos depois de sua morte e que causa lesões na pele exposta ao sol, podendo provocar também deformações.
Segundo Carvalho, se for confirmado que Aleijadinho teve porfiria, fica mais fácil entender porque o artista escondia o corpo, usando roupas de manga comprida.
Poderá ser esclarecido, por exemplo, porque ele trabalhava protegido por um toldo e preferia sair para trabalhar de madrugada e retornar à noite.
Outro lado
O professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e especialista em reumatologia Geraldo Guimarães da Gama, também estudioso da história de Aleijadinho, põe em dúvida a confiabilidade dos estudos após a exumação.
Segundo ele, não há como provar que os ossos avermelhados sejam do artista. Isso porque o corpo de Aleijadinho foi enterrado numa vala comum e seus restos estariam misturados aos de outras pessoas.
O médico Geraldo Barroso de Carvalho, que vai coordenar os trabalhos hoje em Ouro Preto, disse que ouviu textualmente do zelador da igreja que acompanhou a primeira exumação que havia vários corpos enterrados.
O de Aleijadinho, no entanto, foi diferenciado por ser o primeiro na vala, com base no registro de óbitos, e por ser o único que apresentava, com os cabelos encaracolados, características de negro. A mãe de Aleijadinho era escrava e o pai, português.



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