UOL


São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICA

Banda dá mostras de seu "punk emocional" em "On a Wire"

Emo surge dos anos 70 em novo Get Up Kids

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Dizem que nomes como Fugazi, Husker Dü e outros pioneiros do hardcore melódico dos EUA é que deram o pontapé inicial para o surgimento do estilo "emocore". Mas, para os Get Up Kids, atuais queridinhos do selo "emo" Vagrant, a influência está ainda mais na raiz: vem de berço.
"Crescemos ouvindo os discos que nossos pais tinham em casa, Beatles, Beach Boys, Led Zeppelin, Rolling Stones...", afirmou em entrevista à Folha o baterista Ryan Pope, 23, em relação a "On a Wire", terceiro álbum da banda, lançado no Brasil pela Sum. No lugar do tradicional punk rock com letras sensíveis -daí o "emo"- de "Something to Write Home About", primeiro e bem sucedido disco do grupo pela Vagrant, entra o rock'n'roll setentista de teclados e distorções... com letras sensíveis.
"Fomos a primeira banda do selo a ter sorte no mercado e chegamos a um ponto em que tínhamos de nos desafiar, o que só conseguiríamos tocando diferentes estilos de música", defendeu Pope, já acostumado com as críticas negativas que recebeu desde o lançamento de "On a Wire" nos EUA, em maio passado.
De tão atrasado no Brasil, o disco quase sai por aqui ao mesmo tempo em que os Get Up Kids entram em estúdio para gravar uma nova bolacha: "Temos nosso próprio estúdio agora. Podemos sair dos porões, garagens, Deus, até das escadas em que ensaiávamos no volume mais alto que não incomodasse ninguém em casa", lembra Pope, cujo irmão Robert é também o baixista da banda.
Mais do que a tranquilidade de agenda, o novo Get Up Kids, "menos meloso", não conta desta vez com a ajuda do produtor Scott Litt (REM, Incubus etc.). "On a Wire" foi bom para aprendermos. É um bom ponto de partida para seguirmos em frente."
É punk? É emo? "Acho que seria mais fácil dizer que somos quase uma banda punk, ainda que não daquele tipo violento, "chuga-chuga", sem melodia. E emocional todo mundo é. Somos uma banda que faz um tipo de rock "diversificado". Ao menos é assim que eu gostaria que fosse", teoriza Pope.
A explicação toda é para tentar demarcar seu lugar ao sol em uma nova explosão de bandas "emo" que inclui Jimmy Eat World, Saves the Day e Dashboard Confessionals, que recentemente estamparam a capa da revista especializada "Spin", como a "next big thing" de 2003. Um tanto atrasada, diga-se de passagem.
A popularidade dos Get Up Kids, que, do alto de seus 20 e poucos anos, já seguraram turnês com Weezer e Green Day, é tanta que os garotos da cidadezinha de Olathe viraram também as estrelas de um divertido jogo na internet (www.emogame.com).
"Não joguei ainda, mas assisti à introdução [em que a banda é sequestrada pelo popstar-vilão Steven Tyler, do Aerosmith] e tenho de dizer que achei hilário. Acho que o cara que criou o jogo deveria ter muito tempo livre em mãos", diz Pope.
Tempo este que, se depender do baterista, poderá ser usado para uma vinda da banda ao país no futuro. "Eu queria muito. Na verdade eu tive uma namorada do Rio de Janeiro. Nos conhecemos em Nova York e ela me disse muitas, muitas coisas legais do Brasil. Já houve uma proposta há tempos. Vamos tentar arrumar algo para o ano que vem", completa.


Texto Anterior: Outra frequência: O dilema da rádio que tem punk com programa de esperanto
Próximo Texto: Frase
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.