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MÚSICA
Público poderá comprar CD de um show minutos após fim da apresentação
Sistema oferece disco "ao vivo e instantâneo"
SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO
Imagine aquele show que todos
esperam só mais do mesmo. Você
decide assisti-lo e, por um motivo
ou por outro, a tal apresentação se
mostra única, fato digno de entrar
para a história. Sem ninguém para registrar, agora fica por conta
da memória, não é? Não, porque a
tecnologia se meteu a dar uma
mãozinha para resolver isso.
Um sistema que já vem sendo
comercializado no mercado norte-americano desde o ano passado propõe que o espectador já tenha um CD debaixo do braço 20
minutos após o término de uma
apresentação, pronto para ser ouvido no carro ou em casa.
O lançamento oficial de vários
shows de uma turnê, com intuito
de combater a pirataria ao vivo, já
vinha sendo feito por grupos como Pearl Jam e Phish, mas o álbum só estava nas lojas meses depois. A idéia não chegou a ser
abraçada com entusiasmo pela
grande maioria dos artistas.
Agora, com a possibilidade de
que o show em si já seja institucionalizado como souvenir, a expectativa é que a resistência caia.
Duas empresas dos Estados Unidos, a DiscLive e a Rockslide, já
estão no novo negócio. A Clear
Channel, gigante promotora de
shows do mercado mundial, promete também entrar na parada
dentro de alguns meses.
A Rockslide trabalha com foco
em obscuros artistas do underground americano, como Antibalas e Blue Dogs, e entrega o CD ao
vivo em 24 horas, por meio de sedex. A DiscLive já registrou shows
de Billy Idol e da versão repaginada dos Doors e ganhou destaque
com o contrato firmado recentemente para gravar toda a turnê de
retorno dos Pixies no Canadá e
nos Estados Unidos.
A empresa, segundo seu site,
possui um trailer de oito metros
de comprimento com um equipamento que grava e embala os CDs,
em processo que fabrica 200 discos em menos de cinco minutos.
Na turnês dos Pixies, cada show
terá mil álbuns numerados, sendo
500 vendidos antecipadamente
via internet, 500 no local da apresentação.
O presidente da DiscLive, Sami
Valkonen, disse à Folha que a estratégia comercial da companhia
será a de enfatizar a venda de
"uma edição limitada". "Uma vez
esgotado o disco, ele se torna item
de colecionador e poderá ser encontrado só em sites de leilão,
provavelmente a peso de ouro."
É, na opinião de Valkonen, o
que também justifica o preço de
US$ 25 de cada disco, bastante
salgado para tempos de crise do
formato. "Na verdade são dois
discos pelo valor, porque as apresentações têm duração superior
aos 76 minutos do CD", explica.
Segundo o executivo, a comercialização é negociada entre todas
as partes envolvidas -artistas,
gravadoras e promotores-, para
não haver entraves legais. "Nós
vemos isso como uma oportunidade de lucro, de capitalização
para todos os que detêm direitos
envolvidos no negócio. Há margens de ganho para todos."
Os CDs instantâneos vêm atingindo uma média de 15% do público que vai aos shows com o sistema disponível. Com a expectativa em torno da volta dos Pixies
-que fizeram o primeiro show
da turnê anteontem, na cidade de
Minneapolis-, a empresa espera
que esse número suba para 30%.
Futuramente, de acordo com
Valkonen, há a possibilidade de a
DiscLive comercializar algumas
faixas -que contenham algum
"momento histórico"- à parte,
em sites de download pago.
Mercados mais visados, como a
Europa, deverão ser atendidos em
breve, mas o Brasil ainda irá ficar
com o show de 8 de maio dos Pixies na memória -ou em uma
cópia pirata. Algo que, mesmo
com o advento do sistema, não
deverá desaparecer, reconhece o
próprio presidente da Disclive:
"Seria ingênuo acreditar que o CD
instantâneo representa definitivamente o fim da pirataria".
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