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CINEMA
Cadillac mostra lados A e B em filme
Documentário intercala imagens sensuais com o lado "avó" da dançarina
"Rita Cadillac - A Lady do Povo" revela que a ex-chacrete casou virgem, teve noite de amor com Pelé e se prostituiu antes da fama
FERNANDA EZABELLA
DA REPORTAGEM LOCAL
De dia, ela usa moletom para
ir à feira e levar o poodle para
passear. De noite, sobe no salto
alto e vai de vestido justo trabalhar. Rita de Cássia Coutinho se
transforma quase como uma
heroína de história em quadrinhos, ainda que de uma trama
latino-americana, nas cenas em
que o diretor Toni Venturi a filma se trocando, se montando,
virando Rita Cadillac.
"Esse lado A e lado B me estimularam, foi por isso que fiz esse filme", disse Venturi, 54, diretor do documentário sobre a
ex-chacrete mais famosa, "Rita
Cadillac - A Lady do Povo".
"Quando digo que fiz um filme
sobre ela, todo mundo dá uma
risadinha, imediatamente pensa alguma malícia [...] Esperam
logo que ela tenha uma vida
particular devassa. E, ao contrário, encontrei uma pessoa
muito simples, uma avó."
Mas calma, a faceta picante
está lá também, abundante. Rita revela que se prostituiu antes
da fama, quando passou necessidade, diz que casou virgem e
traiu logo no dia do casamento,
que teve uma ou duas noites de
amor com Pelé etc. E também
fala dos filmes pornôs, aos
quais se dedicou nos últimos
anos. "Precisava ter minha casa, a casa do meu filho, um apê
para ter uma renda", diz Rita,
hoje com 55 anos, que ainda
canta e dança em shows pelo
país. "Me senti baixa, ruim."
Já a Rita lado B é aquela que
faz a feijoada de domingo, que
estudou em colégio de freira no
Rio, cujo pai morreu quando
ela tinha 13 dias de vida. Cresceu com a avó, que "bebia uma
garrafa de uísque por dia", e
morava em frente a um quartel
general, em plena ditadura.
"Se ela não tivesse entrado
pro showbiz, não tivesse se destacado como chacrete, como
dançarina, teria sido mais uma
entre as milhares de brasileiras
sem oportunidade, com pouca
educação, muito pobre, meio
sem opção na vida", acredita.
O filme também aborda os
anos loucos do garimpo, quando Rita e seu empresário voaram até Serra Pelada, no Pará,
para fazer um show para milhares de trabalhadores, que jogavam pedrinhas no palco improvisado -pedrinhas que depois
ela descobriu serem ouro. "A
mina de ouro é essa", diz o empresário que colocou Rita para
cantar e dançar em carreira solo, nos anos 80. "O Brasil gosta
mesmo é de ver uma bunda."
Venturi, diretor do filme de
ficção "Cabra Cega" (2005) e do
documentário sobre mulheres
líderes dos sem-teto "Dia de
Festa" (2006), termina o filme
em 2007, quando Rita se preparava para adentrar a política.
Em 2008, ela tentou se eleger
vereadora de Praia Grande
(SP), mas os cerca de 380 votos
não foram suficientes.
RITA CADILLAC - A LADY
DO POVO
Diretor: Toni Venturi
Produção: Brasil, 2008
Onde: Cine Bombril, Frei Caneca
Unibanco e circuito
Classificação: 18 anos
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