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São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2003

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"NUNCA AOS DOMINGOS"

Filme envelheceu e ficou datado

CÁSSIO STARLING CARLOS
EDITOR DO FOLHATEEN

Como alguns vinhos e algumas pessoas, alguns filmes ficam mais sofisticados com o tempo. Outros apenas envelhecem e passam a ser considerados datados. A esta última categoria pertence "Nunca aos Domingos", que estréia com nova cópia.
Ele reúne dois nomes de peso: o diretor americano Jules Dassin e a atriz grega Melina Mercouri.
Realizado em 1960, "Nunca aos Domingos" ficou célebre ao retratar os costumes liberados de Ilya, uma prostituta que não cobra por seus serviços e toma a liberdade de escolher os parceiros.
Aos seus encantos não resiste Homer (encarnado pelo próprio Dassin, marido de Mercouri), um escritor em férias na Grécia.
O jogo central é construído a partir da tensão sexual que a dionisíaca Ilya exerce sobre o apolíneo Homer. Visto à distância, "Nunca aos Domingos" sofre daquele tipo de encantamento supérfluo do filme turístico, em que os hábitos locais alimentam a curiosidade banal pelo exótico.
E é pena o espectador de hoje conhecer Dassin por meio de um filme que não acrescenta muito ao seu renome. Pois o diretor realizou obras importantes nos anos 40 e 50 ("Cidade Nua", "Sombras do Mal" e "Rififi"). Em 52, após ser denunciado como comunista pelo também diretor Edward Dmytryk ao Comitê de Atividades Anti-Americanas, Dassin foi obrigado a migrar para a França.
"Nunca aos Domingos" é, de fato, um veículo para Melina Mercouri. O que garante a oportunidade, para as novas gerações, de conhecer a personalidade vulcânica de Mercouri, atriz capaz de num só plano encarnar as furiosas Antígona, Electra e Medéia.
Pena que em sua fixação apolínea, Dassin/Homer só consiga nos oferecer um retrato pálido e amarelado pelo tempo.


Nunca aos Domingos
Never on Sunday
  
Produção: Grécia, 1960
Direção: Jules Dassin
Com: Melina Mercouri, Jules Dassin, Georges Foundas
Quando: a partir de hoje no cine Frei Caneca Unibanco Arteplex



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