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RUÍDO
Músico defende a legalização do jabá
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
Na contramão da lei que
pretende propor a criminalização do jabaculê, o músico
pernambucano DJ Dolores, 35,
defende justamente o contrário:
a legalização do jabá (execução
de música em rádios e TVs mediante pagamento prévio).
"Assim como a postura de repressão às drogas e à prostituição, a questão é puramente de
opção moral. Ação costuma ser
ineficaz", argumenta Dolores.
Ele defende que, legalizado, o
jabá seria tributável e aconteceria às claras. "Quem estivesse fora desse esquema poderia usar
isso como marketing. E nós, ouvintes, saberíamos quais rádios
ou programas são puro fruto
dos interesses de gravadoras."
Artista independente, Dolores
se diz contra o jabá e afirma que
nunca pagou para se divulgar.
"Essa é a minha opção."
De seu lado, o deputado federal Fernando Ferro (PT-PE)
promete entregar seu projeto de
lei para criminalizar o jabá ao
Congresso já na próxima semana. Anteontem, durante audiência com Gilberto Gil, Ferro se pronunciou mencionando o
projeto. "Gil reafirmou seu
apoio e se prontificou a colocar
alguém do Ministério da Cultura para nos acompanhar", diz.
O NÃO-LANÇAMENTO
Mesmo fazendo jovem
guarda quadradinha, George Freedman foi um dos pioneiros em utilizar linguagem
e cores psicodélicas na capa
de seu LP homônimo de
1967, lançado pela RCA (hoje BMG). Se na programação
visual ele concorria com as
cores alucinógenas da tropicália, os sons eram bem mais
arrumadinhos. O sucesso
era a versão "Coisinha Estúpida" (pelo qual ele competia nas paradas com a dupla
Leno & Lilian). E havia mimos caretas como "Beijinho
Doce", "Trevo de Quatro Folhas" e "Cisne Branco (Canção do Marinheiro)", todos
devidamente convertidos ao
formato rebelde infanto-juvenil que George, alemão de
nascimento, trouxera da primeira onda do rock nacional. Uma das versões masculinas de Celly Campello,
Freedman está fora de catálogo desde então.
DIGNIDADE DA CLASSE
O presidente da Ordem dos
Músicos do Brasil, Wilson
Sandoli, trata como caso
isolado o grupo de músicos
curitibanos que conseguiram
se desfiliar legalmente da
instituição. "A OMB foi criada
para dar dignidade a essa
classe profissional", diz,
afirmando que nos anos 50 a
polícia constrangia músicos
por não terem carteira
assinada. "Essa história é
desconhecida pelos músicos
jovens e pelos dignos juízes."
CLANDESTINIDADE
Sandoli argumenta ainda que
o registro na OMB diferencia
músicos capacitados dos que
tocam "de ouvido" e dificulta a
ação clandestina de músicos de
países fronteiriços que tocam
aqui "tirando lugares de
trabalho dos brasileiros". Os
rebeldes protestam contra a
suposta arbitrariedade da
OMB e seu continuísmo
(Sandoli a preside há 36 anos).
DJ NA BANDA
O DJ Ramilson Maia montou
uma banda, com bateria,
violão, guitarra e teclado. A
Kaleidoscópio será um dos
primeiros lançamentos do selo
independente Mega Music. A
idéia, de selo e banda, é apostar
na veia da mistura de bossa e
MPB cantadas com eletrônica
-"Tarde em Itapuã" e "Flor
de Lis" estão no repertório.
psanches@folhasp.com.br
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