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São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2003

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RUÍDO

Músico defende a legalização do jabá

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Na contramão da lei que pretende propor a criminalização do jabaculê, o músico pernambucano DJ Dolores, 35, defende justamente o contrário: a legalização do jabá (execução de música em rádios e TVs mediante pagamento prévio).
"Assim como a postura de repressão às drogas e à prostituição, a questão é puramente de opção moral. Ação costuma ser ineficaz", argumenta Dolores.
Ele defende que, legalizado, o jabá seria tributável e aconteceria às claras. "Quem estivesse fora desse esquema poderia usar isso como marketing. E nós, ouvintes, saberíamos quais rádios ou programas são puro fruto dos interesses de gravadoras."
Artista independente, Dolores se diz contra o jabá e afirma que nunca pagou para se divulgar. "Essa é a minha opção."
De seu lado, o deputado federal Fernando Ferro (PT-PE) promete entregar seu projeto de lei para criminalizar o jabá ao Congresso já na próxima semana. Anteontem, durante audiência com Gilberto Gil, Ferro se pronunciou mencionando o projeto. "Gil reafirmou seu apoio e se prontificou a colocar alguém do Ministério da Cultura para nos acompanhar", diz.

O NÃO-LANÇAMENTO

Mesmo fazendo jovem guarda quadradinha, George Freedman foi um dos pioneiros em utilizar linguagem e cores psicodélicas na capa de seu LP homônimo de 1967, lançado pela RCA (hoje BMG). Se na programação visual ele concorria com as cores alucinógenas da tropicália, os sons eram bem mais arrumadinhos. O sucesso era a versão "Coisinha Estúpida" (pelo qual ele competia nas paradas com a dupla Leno & Lilian). E havia mimos caretas como "Beijinho Doce", "Trevo de Quatro Folhas" e "Cisne Branco (Canção do Marinheiro)", todos devidamente convertidos ao formato rebelde infanto-juvenil que George, alemão de nascimento, trouxera da primeira onda do rock nacional. Uma das versões masculinas de Celly Campello, Freedman está fora de catálogo desde então.

DIGNIDADE DA CLASSE
O presidente da Ordem dos Músicos do Brasil, Wilson Sandoli, trata como caso isolado o grupo de músicos curitibanos que conseguiram se desfiliar legalmente da instituição. "A OMB foi criada para dar dignidade a essa classe profissional", diz, afirmando que nos anos 50 a polícia constrangia músicos por não terem carteira assinada. "Essa história é desconhecida pelos músicos jovens e pelos dignos juízes."

CLANDESTINIDADE
Sandoli argumenta ainda que o registro na OMB diferencia músicos capacitados dos que tocam "de ouvido" e dificulta a ação clandestina de músicos de países fronteiriços que tocam aqui "tirando lugares de trabalho dos brasileiros". Os rebeldes protestam contra a suposta arbitrariedade da OMB e seu continuísmo (Sandoli a preside há 36 anos).

DJ NA BANDA
O DJ Ramilson Maia montou uma banda, com bateria, violão, guitarra e teclado. A Kaleidoscópio será um dos primeiros lançamentos do selo independente Mega Music. A idéia, de selo e banda, é apostar na veia da mistura de bossa e MPB cantadas com eletrônica -"Tarde em Itapuã" e "Flor de Lis" estão no repertório.

psanches@folhasp.com.br


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