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Música
Bluesman inglês, Mayall faz dois shows em SP
Multiinstrumentista se apresenta hoje no Bourbon e amanhã no Via Funchal
À frente dos Bluesbreakers,
guitarrista impulsionou
rock britânico de músicos
como Eric Clapton, Jack
Bruce e Mick Fleetwood
CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O título de "pai do blues britânico" não faz justiça plena à
influência desse cantor, compositor e multiinstrumentista.
O rock inglês também deve
muito a John Mayall e sua catalisadora banda Bluesbreakers,
pela qual passaram músicos então bem jovens, como Eric
Clapton, Jack Bruce, Mick Taylor e Mick Fleetwood.
"Não tive escolha, porque
sempre fui mais velho do que
eles", diz Mayall, com seu típico
humor inglês, afirmando que
jamais teve a pretensão de fazer
da Bluesbreakers uma escola
informal para novos talentos.
"A grande vantagem de ser o líder de uma banda é poder escolher com quem você vai tocar."
Em plena forma, aos 74 anos,
o bluesman britânico se apresenta hoje, no Bourbon Street,
em São Paulo, com renda em
prol da Associação Cruz Verde.
Amanhã, Mayall toca no Via
Funchal. Depois segue para o
Rio de Janeiro, onde se apresenta no 6.º Rio das Ostras Jazz
& Blues Festival, no dia 23.
"O blues é uma linguagem
que qualquer um pode utilizar", afirma o guitarrista. Não
foram poucas as ocasiões em
que ele ouviu, ainda no início da
carreira, em meados dos anos
50, que um músico branco não
seria capaz de tocar com a devida autenticidade essa forma de
expressão musical criada pelos
negros norte-americanos.
"Afirmar isso equivale a dizer
que os negros não deveriam tocar música clássica. Obviamente, um branco não será convincente cantando um blues que fale da escravidão ou do trabalho em campos de algodão. Eu
não vivi essas experiências,
mas posso cantar sobre amores
perdidos ou outras experiências humanas. É isso que o
blues costuma abordar: a vida
de cada um."
Nesta temporada, além de relembrar sucessos da Bluesbreakers, Mayall vai tocar faixas de
seu último CD, "In the Palace of
the King" (lançado aqui pela
ST2), saborosa homenagem ao
bluesman norte-americano
Freddie King (1934-1976).
"Antes de formar a Bluesbreakers, eu já adorava o jeito
de Freddie cantar. Eu tinha a
mesma extensão vocal que ele,
então sempre senti uma conexão especial", conta Mayall.
Analisando a cena atual do
blues, Mayall vê diferenças entre ela e a situação que encontrou nos EUA, em meados dos
anos 70. "Naquela época, o
blues tinha perdido sua popularidade, só recuperada por Stevie Ray Vaughan e Bonnie
Raitt, entre outros, nos anos
80. Hoje, há uma geração jovem
e talentosa tocando blues. Acho
isso deslumbrante".
JOHN MAYALL
Quando: hoje, às 22h
Onde: Bourbon Street (r. dos Chanés,
127, Moema, tel. 0/xx/11/5095-6100); classificação: 18 anos
Quanto: R$ 240 (couvert artístico)
JOHN MAYALL
Quando: amanhã, às 21h30
Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, tel.
0/xx/11/3188-4148); livre
Quanto: de R$ 60 a R$ 220
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