São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2008

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Música

Bluesman inglês, Mayall faz dois shows em SP

Multiinstrumentista se apresenta hoje no Bourbon e amanhã no Via Funchal

À frente dos Bluesbreakers, guitarrista impulsionou rock britânico de músicos como Eric Clapton, Jack Bruce e Mick Fleetwood

CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O título de "pai do blues britânico" não faz justiça plena à influência desse cantor, compositor e multiinstrumentista.
O rock inglês também deve muito a John Mayall e sua catalisadora banda Bluesbreakers, pela qual passaram músicos então bem jovens, como Eric Clapton, Jack Bruce, Mick Taylor e Mick Fleetwood. "Não tive escolha, porque sempre fui mais velho do que eles", diz Mayall, com seu típico humor inglês, afirmando que jamais teve a pretensão de fazer da Bluesbreakers uma escola informal para novos talentos. "A grande vantagem de ser o líder de uma banda é poder escolher com quem você vai tocar."
Em plena forma, aos 74 anos, o bluesman britânico se apresenta hoje, no Bourbon Street, em São Paulo, com renda em prol da Associação Cruz Verde. Amanhã, Mayall toca no Via Funchal. Depois segue para o Rio de Janeiro, onde se apresenta no 6.º Rio das Ostras Jazz & Blues Festival, no dia 23.
"O blues é uma linguagem que qualquer um pode utilizar", afirma o guitarrista. Não foram poucas as ocasiões em que ele ouviu, ainda no início da carreira, em meados dos anos 50, que um músico branco não seria capaz de tocar com a devida autenticidade essa forma de expressão musical criada pelos negros norte-americanos.
"Afirmar isso equivale a dizer que os negros não deveriam tocar música clássica. Obviamente, um branco não será convincente cantando um blues que fale da escravidão ou do trabalho em campos de algodão. Eu não vivi essas experiências, mas posso cantar sobre amores perdidos ou outras experiências humanas. É isso que o blues costuma abordar: a vida de cada um."
Nesta temporada, além de relembrar sucessos da Bluesbreakers, Mayall vai tocar faixas de seu último CD, "In the Palace of the King" (lançado aqui pela ST2), saborosa homenagem ao bluesman norte-americano Freddie King (1934-1976). "Antes de formar a Bluesbreakers, eu já adorava o jeito de Freddie cantar. Eu tinha a mesma extensão vocal que ele, então sempre senti uma conexão especial", conta Mayall.
Analisando a cena atual do blues, Mayall vê diferenças entre ela e a situação que encontrou nos EUA, em meados dos anos 70. "Naquela época, o blues tinha perdido sua popularidade, só recuperada por Stevie Ray Vaughan e Bonnie Raitt, entre outros, nos anos 80. Hoje, há uma geração jovem e talentosa tocando blues. Acho isso deslumbrante".


JOHN MAYALL
Quando:
hoje, às 22h
Onde: Bourbon Street (r. dos Chanés, 127, Moema, tel. 0/xx/11/5095-6100); classificação: 18 anos
Quanto: R$ 240 (couvert artístico)

JOHN MAYALL
Quando:
amanhã, às 21h30
Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, tel. 0/xx/11/3188-4148); livre
Quanto: de R$ 60 a R$ 220


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