São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2008

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Crítica

"Beija-Me" observa desejo com sarcasmo

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Em torno de Billy Wilder, existe um mistério: por que certos de seus filmes fazem sucesso, enquanto outros passam em branco? Por que o belo "Fedora" nem chegou ao Brasil, ou "Amigos, Amigos, Negócios à Parte" foi esnobado solenemente, para ficar apenas com dois casos.
Nessa categoria também entra "Beija-me, Idiota" (TC Cult, 14h10), se bem que nesse caso existe o estigma da imoralidade. Pois nosso conservadorismo não gosta nem de ouvir falar da história do compositor talentoso, desconhecido, caipira, que, para ter a chance de ser revelado, praticamente entrega sua mulher a um famoso cantor (Dean Martin).
Pouco importa também que sua mulher, no caso, não seja bem sua mulher, mas a prostituta da cidade (Kim Novak): as trocas de pessoas, mais as trocas de afetos que se vê põem em certo risco os hábitos matrimoniais estritos e desencadeiam essa coisa caótica que é o desejo. O desejo que Wilder observa não com ironia, como Lubitsch, mas com sarcasmo.


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