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Filmes 'bem-comportados' dão
o tom na competição de curtas
do enviado especial a Cannes
Até a competição de curtas frustra as expectativas em Cannes 97.
A seleção se mostrou descaradamente conservadora. Onze filmes
de oito países foram selecionados
de um total de 370 inscritos. Nenhum curta brasileiro ou latino-americano foi escolhido.
Predominam os chamados curtas "cartão de visita", ficções
bem-comportadas que demonstram a competência (mínima) do
realizador. O outro gênero representado é a animação. Não há documentários ou experimentais.
Quatro filmes se destacam. O italiano "Camera Obscura", de Stefano Arduino, aplica a tese de Jorge Furtado ("Ilha das Flores")
-um bom curta é sobretudo a eficiente realização de uma boa idéia.
Um presidiário ganha um companheiro de cela que se dedica a
abrir um buraco na parede. Inicialmente com um prego, depois
com uma colher. Ao fim, o diretor
surpreende com uma bela alegoria
do próprio cinema. Seria a Palma
de Ouro mais justa.
O britânico "Is It The Design of
The Wrapper?" (É o Desenho da
Embalagem?), de Tessa Sheridan,
se baseia numa história do cartunista americano Jules Feiffer.
"Les Vacances" (As Férias), de
Emmanuelle Bercot, mostra uma
mãe que não consegue financiar a
viagem de férias da filha. Um referencial brasileiro seria o "Amor
Materno", de Fernando Bonassi.
Já Richard Zimmerman lembra
Cao Hamburguer com o simpático
"Birdhouse" (Casa de Pássaro).
Um homem recebe de presente
uma camaleônica massinha viva.
A diversão logo se torna pesadelo.
Cannes premia curtas desde a
edição inaugural. Poucos vitoriosos, como Jane Campion, fizeram
história. Há dois anos Gilles Ciment assumiu a seleção visando
qualificar a disputa. O avanço do
ano passado é retrocesso agora.
Clermont-Ferrand continua como
capital dos curtas. (AL)
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