São Paulo, sábado, 16 de maio de 1998

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CRÍTICA
Série pode voltar em um ano

SÉRGIO DÁVILA
Editor da Ilustrada

"Seinfeld" terminou do jeito (genial) que começou, 169 episódios e 9 anos atrás: com Jerry abrindo e fechando o capítulo como o "stand-up comedian" que sempre foi e com o mesmo diálogo com George sobre botões que marcou o début, em 89.
Nesse intervalo, um mundo.
Mais precisamente, o mundo americano dos anos 90. O mundo que, segundo a história final, escrita pelo co-criador Larry David, condena à prisão a atitude politicamente incorreta de "Seinfeld".
(A vida imita os enlatados: enquanto o epílogo era exibido, porto-riquenhos faziam manifestação diante da sede da NBC, em Nova York, por conta de uma piada).
A história: o presidente da NBC avisa a Jerry e George que a rede está interessada de novo em produzir a série "Jerry", que eles haviam proposto cinco anos atrás.
A TV coloca à disposição um avião para o quarteto, que parte em viagem para Paris. No caminho, por culpa de Kramer, o jato faz uma aterrissagem forçada numa cidadezinha de Massachusetts.
Lá, o quarteto assiste a um assalto sem se preocupar em ajudar a vítima -e , pior, gozando da cara do sujeito, de resto obeso. São presos, e o julgamento se transforma num "midia event", em que dezenas de personagens de episódios anteriores são chamados a depor.
Os defeitos: "Seinfeld" foi pensado para 30 minutos e perdeu-se um pouco na 1h15 de anteontem; o número grande de convidados esvaziou o núcleo principal, que é onde mora a graça; e Kramer teve participação discreta.
De resto, foi uma delícia. Teve cutucada para todos: os possíveis finais "vazados" pela mídia (o avião que quase mata todos; George efeminado; Elaine se declarando; todos se mudando para Los Angeles); a própria mídia (a "lei Lady Di", o julgamento à O.J.); além de saborosas "inside jokes".
Quase no final, a dica: "Em um ano, nós estaremos de volta", diz Jerry aos três, caminhando em direção à cela, referindo-se à pena. Mas só à pena? Ou também à série?



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