São Paulo, sábado, 16 de maio de 1998

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TELEVISÃO
80 milhões de pessoas assistem nos EUA ao último episódio da série
'Não riam. Estou cansado de ser engraçado', diz Seinfeld

ALESSANDRA BLANCO
de Nova York

Finalmente uma noite de descanso. Após "nove anos sendo engraçado todos os dias", Jerry Seinfeld disse anteontem, no talk show de Jay Leno, após o 169º e último episódio de sua série, que está "exausto" de ser engraçado.
"Talvez nesta noite eu possa ter um pouco de descanso. Por favor, não riam, estou tentando descansar", dizia Seinfeld na entrevista.
De acordo com a rede de TV NBC, cerca de 80 milhões de pessoas assistiram anteontem ao último episódio de "Seinfeld". A última noite da série não foi recorde em telespectadores -"M.A.S.H." continua o campeão, com 105 milhões no seu último episódio em 1983-, mas foi a mais lucrativa.
O valor de 30 segundos de espaço publicitário variou de US$ 1,5 milhão a US$ 1,7 milhão, superando em 25% o valor pago durante a transmissão do Super Bowl. Uma estimativa do "New York Post" avalia que o total arrecadado pela NBC chegou a US$ 60 milhões. Já o "Daily News" fala em 34 milhões.
No telão da Times Square, 200 pessoas se reuniram para assistir ao último episódio de "Seinfeld". A NBC ofereceu uma festa para 700 convidados no Rockfeller Center, onde fica sua sede, e o Tom's Restaurant reuniu 150 pessoas, entre eles Larry Thomas, o "Soup Nazi", e Susan Sarandon.
"Estava procurando algo mais aconchegante, por isso vim pra cá", disse Sarandon. "Identifico-me com os personagens."
Sarandon estava com sua filha Eva Amurri, 13, e, assim que começou o episódio, pediu aos jornalistas que parassem com as perguntas, mas acabou tendo de ir para uma sala reservada. Outros convidados, a maioria modelos, também pediam silêncio e tentavam se aproximar de uma das oito televisões espalhadas pela casa.
Do lado de fora das festas, porto-riquenhos faziam protestos com cartazes de "Seinfeld racista" e aos gritos de "Viva a bandeira". No episódio de 7 de maio, Kramer queima acidentalmente uma bandeira de Porto Rico quando os quatro personagens da série ficam presos no trânsito devido a uma parada porto-riquenha.
O episódio foi tomado como racista. "O pior é que assisti aos nove anos de Seinfeld, sem perder nenhum capítulo, sempre adorei a série. Mas não vou ver o último", disse Hector Rodriguez, que foi com a família para a porta do Tom's Restaurant.
Cerca de cem porto-riquenhos se reuniram em frente à NBC e 80, em frente ao Tom's Restaurant. Por volta de 21h30, a polícia teve de intervir e colocar uma barreira em torno do restaurante.
Jerry Seinfeld assistiu ao último episódio no sul da Califórnia. Por volta da meia-noite, foi ao ar no "The Tonight Show", de Jay Leno, uma entrevista gravada.
"O que diabos você estava pensando?", perguntou Jay Leno, brincando com a mesma pergunta que fez a Hugh Grant, quando o ator foi flagrado com Divine Brown em Los Angeles.
"Eu estava dirigindo pela Sunset (Boulevard). Ela parecia ter 18 anos. Eu só estava dando uma carona", emendou Seinfeld.
Seinfeld vai seguir agora para uma temporada de shows pela Europa e Austrália e está se mudando de volta para um apartamento em Nova York -se for aprovado pela comissão de moradores. "É incrível, tenho 30 milhões de pessoas que me aprovam toda semana e vou passar por uma entrevista com oito pessoas, que não conheço, para saber se me aprovam."
Depois da viagem, ele deve estrear um show na Broadway e fazer um especial para a HBO. "Estou espantado pelo que aconteceu na última semana. Você pode imaginar o que tem sido para mim? Estou cheio de mim mesmo."



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