São Paulo, sábado, 16 de maio de 1998

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"Christine" é obras menor e boa diversão

da Redação

Quando fui convidado para resenhar essa fornada de reedições de livros de Stephen King, torci o nariz ao saber que teria de reler "Christine".
Na minha memória, esse era um livro menor, longe de figurar entre as estrelas da bibliografia desse escritor-guitarrista-ator.
A opinião permanece a mesma. "Cujo", "Misery" e "Desespero" são bem melhores. Mas isso não quer dizer que "Christine" seja ruim. É bom que se diga que mesmo um livro menor de King tem diversão de sobra. Para ser minimalista, dá para resumir as 321 páginas de "Christine" em uma frase: é a história de um carro mal-assombrado.
Mas não dá para ser minimalista ao comentar o verborrágico King, que conta suas histórias aos poucos, em capítulos cheios de ação, com iscas que amarram o leitor.
A história de Christine não é só o relato das escapadas noturnas do velho Plymouth Fury, circulando sem motorista pelas ruas de Libertyville, estraçalhando gente. É muito mais a história de seu novo dono, o estudante feioso e quase sem amigos Arnie Cunningham.
É na criação desse personagem que King revela a alma de seu ofício: a observação das pessoas comuns, dos sentimentos cotidianos, das mesquinharias de cada um, das esperanças e dos sonhos.
Essa é a argila básica. Ele trata de colocar seu holofote em um aspecto, exagerando-o até forçar o personagem a tomar atitudes estranhas ou a aceitar o sobrenatural como verdadeiro e normal.
Em "Christine", o adolescente patinho feio conhece a afirmação e até ganha uma namorada depois que se envolve com o carro.
Em defesa do carro, ele enfrenta a mãe, discute com o pai, trabalha mais, faz economias. Briga com o valentão da escola e leva a melhor.
Fica feliz. Mas a mudança tem seu preço. (RL)


Livro: Christine Autor: Stephen King Lançamento: Objetiva Quanto: R$ XX (321 págs.)


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