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SAMBA E PALCO
Brasil será representado por 96 integrantes da escola de samba no 3º Festival de Teatro Olímpico, em Moscou
Vai-Vai desfila em mostra teatral russa
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil será representado pela
Vai-Vai no 3º Festival de Teatro
Olímpico, em Moscou.
A escola de samba paulistana
desfila amanhã na rua Tverskaya,
a principal da capital russa, com
96 integrantes, incluindo membros da bateria, mestre-sala e porta-bandeira, baianas, mulatas e
outras alas. O samba-enredo será
puxado por Thobias da Vai-Vai.
O evento, que começou em abril
e termina este mês, coincide este
ano com o Festival Tchekhov e
conta com a participação de 56
países, reunindo os mais importantes nomes do teatro no mundo, como Bob Wilson, Peter Steiner, Declan Donnellan e Peter
Brook. Antunes Filho é o representante do Brasil no Comitê Internacional de Teatro Olímpico,
do qual participam também outros consagrados diretores, como
Robert Wilson (EUA), Izuko Saito e Tadashi Suzuki (Japão).
A Vai-Vai abre amanhã, próximo ao Kremlin, o desfile de Carnaval, batizado de "Navio dos Bobos", da categoria teatro de rua.
Além do Brasil, desfilam grupos
da China, Bélgica, Itália, Taiti, México, Japão e Rússia, entre outros.
Os sambistas embarcaram esta
semana para Moscou. Vestidos
com o uniforme da escola de samba, chamaram a atenção no Aeroporto Internacional de Guarulhos. A maioria jamais havia viajado de avião, e muitos nem tinham idéia do que poderia ser a
Rússia. "Será uma emoção dupla.
Além de representar o Brasil em
um festival tão importante, ainda
daremos a tantas pessoas a oportunidade de fazer essa viagem",
disse Solon Tadeu Pereira, presidente da Vai-Vai, anteontem, antes de embarcar para Moscou.
"Nunca viajei de avião, mas não
estou com medo. Estou feliz em
poder viajar", disse a passista Maria Aparecida Pereira, 21.
A verba para as passagens, segundo Elena Vassina, representante do festival no Brasil, foi dividida entre o Anhembi, órgão da
Prefeitura de São Paulo que organiza o desfile de Carnaval, e a própria organização do evento internacional. "O Anhembi colaborou
com US$ 42 mil, e os organizadores, com US$ 50 mil. A organização nunca paga passagem para os
participantes. Mas decidimos
abrir uma exceção pela importância de mostrar o Carnaval brasileiro no festival", disse Vassina,
que é professora de língua russa
na Universidade de São Paulo e
especialista em teatro brasileiro.
A idéia de convidar a Vai-Vai
para representar o Brasil surgiu
quando um representante russo
da Confederação Internacional de
Teatro esteve no sambódromo de
São Paulo, no Carnaval do ano
passado, e achou o desfile "muito
teatral". Iniciou-se, então, a negociação com a diretoria da escola
de samba, que durou cerca de um
ano. "Foi sacrificante, mas valeu a
pena. É bom poder mostrar ao
mundo que no Brasil não existe só
juiz Lalau, crise no Senado. Até no
futebol estamos mal lá fora. Só
nos resta o samba e o Guga", disse
o presidente da Vai-Vai.
Além do teatro de rua e das
companhias internacionais, o
Festival de Teatro Olímpico deste
ano contou com workshops e palestras com grandes nomes.
A primeira edição do festival
aconteceu em 1995, na Grécia. Em
1999, Antunes Filho levou o espetáculo "Fragmentos Troianos"
para o 2º Festival de Teatro Olímpico, realizado no Japão. Segundo
Elena Vassina, a idéia dos organizadores era de que o festival fosse
bienal. "Mas como o evento deste
ano é muito grande, tivemos de
esperar três anos para realizá-lo e
talvez ele passe a ser trienal."
Vassina afirmou que a Rússia
tem uma ótima impressão do teatro brasileiro. Em 1999, conta, o
Brasil foi aplaudido no Teatro de
Arte de Moscou com a peça "Livro de Jó", de Antônio Araújo.
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