São Paulo, sábado, 16 de junho de 2001

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SAMBA E PALCO

Brasil será representado por 96 integrantes da escola de samba no 3º Festival de Teatro Olímpico, em Moscou

Vai-Vai desfila em mostra teatral russa

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil será representado pela Vai-Vai no 3º Festival de Teatro Olímpico, em Moscou.
A escola de samba paulistana desfila amanhã na rua Tverskaya, a principal da capital russa, com 96 integrantes, incluindo membros da bateria, mestre-sala e porta-bandeira, baianas, mulatas e outras alas. O samba-enredo será puxado por Thobias da Vai-Vai.
O evento, que começou em abril e termina este mês, coincide este ano com o Festival Tchekhov e conta com a participação de 56 países, reunindo os mais importantes nomes do teatro no mundo, como Bob Wilson, Peter Steiner, Declan Donnellan e Peter Brook. Antunes Filho é o representante do Brasil no Comitê Internacional de Teatro Olímpico, do qual participam também outros consagrados diretores, como Robert Wilson (EUA), Izuko Saito e Tadashi Suzuki (Japão).
A Vai-Vai abre amanhã, próximo ao Kremlin, o desfile de Carnaval, batizado de "Navio dos Bobos", da categoria teatro de rua. Além do Brasil, desfilam grupos da China, Bélgica, Itália, Taiti, México, Japão e Rússia, entre outros.
Os sambistas embarcaram esta semana para Moscou. Vestidos com o uniforme da escola de samba, chamaram a atenção no Aeroporto Internacional de Guarulhos. A maioria jamais havia viajado de avião, e muitos nem tinham idéia do que poderia ser a Rússia. "Será uma emoção dupla. Além de representar o Brasil em um festival tão importante, ainda daremos a tantas pessoas a oportunidade de fazer essa viagem", disse Solon Tadeu Pereira, presidente da Vai-Vai, anteontem, antes de embarcar para Moscou.
"Nunca viajei de avião, mas não estou com medo. Estou feliz em poder viajar", disse a passista Maria Aparecida Pereira, 21.
A verba para as passagens, segundo Elena Vassina, representante do festival no Brasil, foi dividida entre o Anhembi, órgão da Prefeitura de São Paulo que organiza o desfile de Carnaval, e a própria organização do evento internacional. "O Anhembi colaborou com US$ 42 mil, e os organizadores, com US$ 50 mil. A organização nunca paga passagem para os participantes. Mas decidimos abrir uma exceção pela importância de mostrar o Carnaval brasileiro no festival", disse Vassina, que é professora de língua russa na Universidade de São Paulo e especialista em teatro brasileiro.
A idéia de convidar a Vai-Vai para representar o Brasil surgiu quando um representante russo da Confederação Internacional de Teatro esteve no sambódromo de São Paulo, no Carnaval do ano passado, e achou o desfile "muito teatral". Iniciou-se, então, a negociação com a diretoria da escola de samba, que durou cerca de um ano. "Foi sacrificante, mas valeu a pena. É bom poder mostrar ao mundo que no Brasil não existe só juiz Lalau, crise no Senado. Até no futebol estamos mal lá fora. Só nos resta o samba e o Guga", disse o presidente da Vai-Vai.
Além do teatro de rua e das companhias internacionais, o Festival de Teatro Olímpico deste ano contou com workshops e palestras com grandes nomes.
A primeira edição do festival aconteceu em 1995, na Grécia. Em 1999, Antunes Filho levou o espetáculo "Fragmentos Troianos" para o 2º Festival de Teatro Olímpico, realizado no Japão. Segundo Elena Vassina, a idéia dos organizadores era de que o festival fosse bienal. "Mas como o evento deste ano é muito grande, tivemos de esperar três anos para realizá-lo e talvez ele passe a ser trienal."
Vassina afirmou que a Rússia tem uma ótima impressão do teatro brasileiro. Em 1999, conta, o Brasil foi aplaudido no Teatro de Arte de Moscou com a peça "Livro de Jó", de Antônio Araújo.


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