São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 2005

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Drama espanhol busca "canto de amor"

DO ENVIADO ESPECIAL A LONDRINA

Quando veio à luz, em 1988, a companhia espanhola Albanta era formada apenas por mulheres, e isso se refletia na força de seus trabalhos. A ponto de uma peça, por exemplo, ser escrita especialmente para as atrizes Charo Sabio e Ángeles Rodríguez, as protagonistas de "Celeste Flora", que estréia hoje no Filo 2005 (na Casa de Cultura, 21h).
O premiado autor Juan García Larrondo escreveu a peça no início dos anos 90, quando foi montada pela primeira vez pelo grupo. "Foi uma eleição mútua", diz o diretor Pepe Bablé. Em 2004, as atrizes e o diretor fizeram uma remontagem, 11 anos após a última temporada, e é essa versão que será apresentada.
A ação se passa em 1934, no Centro Penitenciário para Mulheres em Madri, onde Flora (Charo Sabio) cumpre pena pelo assassinato de seis meninas.
Ela está à espera da sentença de um tribunal psiquiátrico sobre seu estado mental. Se for declarada louca, será enviada a um sanatório. Caso contrário, será condenada à morte. À frente do tribunal está Narcisse (Ángeles Rodríguez), uma médica francesa enviada a Madri para estudar o caso.
"Parece uma história baseada em fatos reais, mas não é", diz Bablé. "Tem um pé realista, mas com um forte caráter de teatro psicológico. Tanto o espaço cênico quanto a ação física são reduzidos para que o espetáculo redunde na palavra."
A retomada do projeto, diz Bablé, se deve ao tema "candente e universal" dos valores humanos. "O diálogo da presa e da médica é um embate entre razão e sentimento. O que deve ser ponderado diante de uma grande decisão como a eutanásia, por exemplo?"
Apesar dos enigmas que carrega, o diretor afirma que "Celeste" pode ser vista como uma "parábola sobre o amor", palavra que reverbera a todo instante. "Tentamos encenar um canto de amor."
Entre as atrações do último final de semana do Filo 2005, que começou no dia 3/6, estão o grupo Lume ("Shi-Zen, 7 Cuias"), a Cia. dos Atores ("Ensaio.Hamlet") e a clow suíça Gardi Hutter ("Jeanne D'ArPpo"), esta uma história de uma singela lavadeira e seus sonhos de heroína (ou seriam bolhas de sabão?). (VS)


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