São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 2011

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teatro

MinC estuda viabilidade de acordo sobre Oficina

Permuta de terrenos pode resolver impasse entre Zé Celso e Silvio Santos

Ministério ainda não avaliou contrapartida de troca, que envolve espaço estimado em R$ 33 milhões em SP

GABRIELA MELLÃO
DE SÃO PAULO

A batalha de 30 anos entre José Celso Martinez Corrêa e Silvio Santos em torno do terreno ao lado do Teatro Oficina, onde o empresário queria erguer um shopping, nunca esteve tão perto do fim.
Eduardo Velucci, diretor da Susan, construtora do Grupo Silvio Santos, está interessado em trocar o terreno que circunda o Teatro Oficina por outro do mesmo valor na cidade de São Paulo.
"Esta alternativa é a mais viável que apareceu até hoje. Temos que buscar a maior rentabilidade possível para este terreno, que para nós é um negócio", fala Velucci.
A solução surgiu no mês passado, em uma reunião entre Velucci, Ana Rúbia, coordenadora de projetos do Teatro Oficina, e a cenógrafa Carila Matzenbacher.
Interessado em viabilizar o escambo que transformará o espaço em um complexo educacional e cultural aberto à rua, com praças e jardins, o Ministério da Cultura (MinC) pediu à Caixa Econômica Federal avaliação do terreno. O valor ficou em R$ 33 milhões.
"Se este é o preço de mercado, vamos em frente", confirma Velucci.
Segundo o secretário executivo do Minc, Victor Ortiz, a Secretaria do Patrimônio da União pesquisa terrenos em São Paulo para ceder ao Oficina e possibilitar a troca.
O MinC constituiu um grupo de trabalho em São Paulo para acompanhar a evolução das negociações. Ele é formado por um representante da Funarte, um do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico Nacional) e um da regional do MinC na cidade.
Ortiz afirma, no entanto, ainda não saber qual será a contrapartida do Teatro Oficina para tal investimento, e se ele será de fato viável.
Para o secretário, o plano de gestão do espaço após a troca é "uma segunda etapa". Segundo ele, "o Teatro Oficina tem uma história de mais de 50 anos que é de grande importância para o país" e, por isso, o poder público tem interesse em viabilizar a negociação.

Teatro-estádio
A "marcha pela paz", como foi apelidada por Zé Celso, teve início em 2004, quando Silvio Santos foi conhecer o teatro projetado por Lina Bo Bardi. "A versão que ele tinha era de que eu era um velho louco que não queria sair de seu teatro caindo aos pedaços. Depois viu que o teatro é tombado, tem história, tem vida", diz Zé Celso.
O próximo passo rumo à conciliação aconteceu durante as "Dionisíacas", projeto que apresentou cinco criações do grupo em oito capitais brasileiras em 2010.
Zé Celso precisava de um espaço para armar um teatro provisório que abrigasse 2 mil pessoas em São Paulo. "Com a crise do banco PanAmericano, pensei: É agora". O diretor ligou para Silvio Santos e pediu emprestado o terreno vizinho ao Oficina. "Ele topou na hora e ficou aberto a negociações."
Os teatros criados para a turnê funcionaram como estudo para a construção do teatro estádio definitivo, que fará parte do AnhangaBaú da Feliz Cidade, projeto concebido para o terreno que reúne também biblioteca, universidade, creche, praça, cinema ao ar livre e jardins.
O diretor busca investidores nacionais e internacionais para financiá-lo.
Mesmo assim, com a possibilidade da troca, o AnhangaBaú da Feliz Cidade deixa de ser sonho utópico para se tornar possibilidade concreta: "Assim que a gente estiver com o terreno, vai ter estádio. Vamos construir uma arquibancada provisória, que vai ficar funcionando", explica Zé Celso.
A primeira proposta em 30 anos de impasse é, para o diretor, metáfora para uma luta maior. "Significa a revitalização da espécie humana sobre a especulação financeira."


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