São Paulo, terça, 16 de junho de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice Bloomsday leva Joyce a livrarias
PATRICIA DECIA da Reportagem Local
Existe algum escritor impenetrável? O senso comum apontaria James Joyce (1882-1941), autor de
"Ulisses". Engano, diriam especialistas brasileiros, para quem a
obra do irlandês é cada vez mais
fácil de ler, mesmo em português.
Hoje, data da celebração mundial do Bloomsday -uma evocação ao 16 de junho de 1904, data
escolhida por Joyce para situar a
saga do judeu Leopold Bloom em
"Ulisses"-, o autor fica ainda
mais perto: reedições e novas traduções de seus livros estão prestes
a chegar às livrarias.
A exceção continua sendo o
"Finnegans Wake", que teve apenas fragmentos traduzidos e continua um desafio mesmo para os
estudiosos da obra de Joyce.
Da editora Civilização Brasileira,
vêm "Dublinenses" e "Retrato
do Artista Quando Jovem", os
dois reeditados, com tradução,
respectivamente, de Hamilton
Trevisan e José Geraldo Vieira.
A versão de "Ulisses", feita pelo
filólogo e dicionarista Antonio
Houaiss em 1966, será relançada
no mês de agosto.
"Estamos dando nova cara e nova vida ao catálogo, que é uma
jóia. Os textos passaram por revisão profunda e ganharam novo
tratamento gráfico", afirma Luciana Villas-Boas, diretora editorial da Civilização Brasileira.
As principais novidades, no entanto, estão sendo preparadas pela
Iluminuras, que editará textos
ainda inéditos no Brasil, especialmente a poesia. O primeiro volume traz os poemas de "Música de
Câmara", programado para setembro (leia trecho ao lado).
"Exilados", a única peça de
Joyce, será o próximo investimento da editora e pode ser publicado
ainda neste ano. Nos planos, há
também uma versão de "Pomes
Penyeach", sem data prevista para a edição brasileira.
"A poesia de Joyce é muito próxima da prosa. Não é certo considerá-la como obra menor do escritor", disse Samuel Leon, editor
da Iluminuras.
Os organizadores do Bloomsday
paulistano, que chega à sua 11ª
edição no Finnegans Pub, lançam
"MultiJoyce", pela editora Olavobrás/Abei, reunindo fragmentos da obra do irlandês.
"Não é preciso de uma tonelada
de livros para entender Joyce. Não
é preciso começar pela crítica. Não
é preciso decifrar, porque não há
uma resposta, há várias", afirma
Munira Mutran, professora de língua inglesa da USP, especialista
em literatura irlandesa e uma das
organizadoras do Bloomsday.
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