São Paulo, terça, 16 de junho de 1998

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BLOOMSDAY
Comemoração em SP chega ao 11º ano

Divulgação
O escitor Haroldo de Campos (da esq. para a dir.), Aurora Bernardini, Munira Mutran e Hilde Suto, durante leitura de Joyce em 97, no Finnegans Pub


da Reportagem Local

"Ulisses" é uma epopéia moderna, e seu protagonista, Leopold Bloom, uma paródia do homem moderno. Um homem comum, passando pela jornada do herói, numa época em que não há heróis.
Sua "saga" acontece na cidade de Dublin, capital da Irlanda, durante cerca de 18 horas de um único dia: 16 de junho de 1904.
A data para o livro, escolhida por Joyce, é a mesma em que ele conheceu Nora Barnacle, que tornou-se sua mulher e com quem o escritor teve dois filhos.
Não se sabe com certeza quando o 16 de junho foi comemorado pela primeira vez. Mas, há pelo menos quatro décadas, o Bloomsday é celebrado.
Na Irlanda, os "joyceanos" tentam refazer o percurso de Bloom por Dublin, parando nos pubs descritos no livro. Trechos do romance também são lidos, em várias línguas, ao redor do mundo.
Em São Paulo, o Bloomsday chega à sua 11ª edição e, neste ano, fará parte de uma leitura mundial de Joyce, promovida pelo jornal "The Irish Times".
O trecho, em inglês, será lido pelo telefone por volta das 11h. À noite, no entanto, continua o Bloomsday paulistano com várias atividades dentro do evento (leia quadro abaixo).
"Joyce usou todas as linguagens, queria uma babel. Nós queremos fazer algo multicultural. Ao mesmo tempo, é Joyce visto por nós, brasileiros, no nosso lugar", diz a professora Munira Mutran, organizadora do Bloomsday.
Não só "Ulisses" é celebrado. Fragmentos de "Finnegans Wake", livro também conhecido como "Work in Progress" até sua publicação, também são lidos em várias línguas.
Neste ano, pela primeira vez, será apresentada uma tradução em guarani de um fragmento de "Finnegans Wake", com tradução de Sérgio Medeiros, roteirista de cinema e professor de literatura da Universidade Federal de Santa Catarina.
"O guarani é uma língua aglutinante. É possível criar palavras novas, recriar palavras. Isso tem tudo a ver com Joyce", afirmou.
Trechos da obra já foram traduzidos para o português pelos irmãos Augusto e Haroldo de Campos, reunidos no livro "Panaroma de Finnegans Wake".
Uma outra tradução, também de um fragmento, foi feita por Arthur Nestrovski e será lida esta noite (leia texto abaixo).
O Bloomsday também está na Internet. Com informações sobre a obra, o escritor, a cidade de Dublin e links para vários outros sites, o UOL reedita iniciativa do ano passado e coloca o seu Bloomsday na rede.
No endereço www.uol.com.br/bibliot/bloomsday é possível encontrar o texto original de "Ulisses", em inglês, é uma versão em quadrinhos, paródica, da obra de Joyce.
O jornal "The Irish Times" também traz extenso material sobre o autor irlandês na rede (www.irish-times.com).



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