São Paulo, Quarta-feira, 16 de Junho de 1999
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Curador faz as regras e vence a partida

do enviado a Veneza

O júri de Veneza saiu do tom ao premiar o pavilhão do próprio país-sede do evento: a Itália. A configuração do pavilhão da Itália este ano e a própria representação italiana dentro do pavilhão, selecionada por Harald Szeemann, já demonstravam algumas coincidências, como a escolha de duas nativas da própria cidade entre as cinco artistas escolhidas para representar o país, como se a minúscula Veneza tivesse então se tornado o mais importante foco de produção artística no país.
Na apresentação do Leão de Ouro para a melhor representação nacional, o júri indicou as cinco artistas, mas justificou a escolha do pavilhão não por seus valores estéticos, mas "por sua nova atitude, reinventando o território tradicional dos pavilhões, o que exprime o espírito de generosidade e de abertura que é a verdadeira proposta dessa bienal" -neste ano, o espaço recebeu obras de artistas da mostra "dAPERTutto" de vários países.
Coincidentemente, no catálogo da mostra, em vez de um texto sobre as artistas, o curador Szeemann se limitou a dizer que o pavilhão era virtual e que as cinco artistas, apesar de estarem no pavilhão internacional, representavam a Itália e concorriam ao Leão de Ouro de melhor exibição nacional.
Curiosamente também, no mesmo final de semana, a organização do evento organizou uma reunião com curadores para discutir o destino dos pavilhões nacionais, que segundo ela, não deveriam mais abrigar apenas artistas nacionais. Com essa premiação, o júri acabou assim se posicionando ao lado da organização do evento e do curador Szeemann, que fez as novas regras do jogo, escolheu os jogadores e acabou vencendo a partida. (CF)


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