|
Texto Anterior | Índice
Curador faz as regras e vence a partida
do enviado a Veneza
O júri de Veneza saiu do tom ao
premiar o pavilhão do próprio
país-sede do evento: a Itália. A
configuração do pavilhão da Itália
este ano e a própria representação
italiana dentro do pavilhão, selecionada por Harald Szeemann, já
demonstravam algumas coincidências, como a escolha de duas
nativas da própria cidade entre as
cinco artistas escolhidas para representar o país, como se a minúscula Veneza tivesse então se tornado o mais importante foco de produção artística no país.
Na apresentação do Leão de Ouro para a melhor representação
nacional, o júri indicou as cinco artistas, mas justificou a escolha do
pavilhão não por seus valores estéticos, mas "por sua nova atitude,
reinventando o território tradicional dos pavilhões, o que exprime o
espírito de generosidade e de abertura que é a verdadeira proposta
dessa bienal" -neste ano, o espaço recebeu obras de artistas da
mostra "dAPERTutto" de vários
países.
Coincidentemente, no catálogo
da mostra, em vez de um texto sobre as artistas, o curador Szeemann se limitou a dizer que o pavilhão era virtual e que as cinco artistas, apesar de estarem no pavilhão
internacional, representavam a
Itália e concorriam ao Leão de Ouro de melhor exibição nacional.
Curiosamente também, no mesmo final de semana, a organização
do evento organizou uma reunião
com curadores para discutir o destino dos pavilhões nacionais, que
segundo ela, não deveriam mais
abrigar apenas artistas nacionais.
Com essa premiação, o júri acabou
assim se posicionando ao lado da
organização do evento e do curador Szeemann, que fez as novas regras do jogo, escolheu os jogadores
e acabou vencendo a partida.
(CF)
Texto Anterior: "Aspecto mundano" ainda impressiona Índice
|