ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

O Lincoln Center inicia hoje em Nova York um festival de cinco noites de música brasileira.
"Brazil: Beyond Bossa" (Brasil: Além da Bossa) terá dez apresentações e será focado em artistas nordestinos. Seis deles fazem sua estréia na cidade americana.
"Senti que a música brasileira é bastante popular em Nova York. Há uma grande comunidade brasileira e uma grande comunidade portuguesa. Mas boa parte da música feita agora no Nordeste, especialmente na Bahia e em Pernambuco, não é muito bem conhecida da público nova-iorquino", afirma Erica Zielinski, produtora do festival.
As apresentações brasileiras fazem parte de um festival anual de três semanas realizado desde 1996 pelo Lincoln Center. "A missão do festival é diversificar nosso programa aqui no Lincoln Center, conhecido principalmente por apresentar música clássica ocidental", diz Zielinski.
Neste ano, além da música brasileira, o festival terá ainda como destaques a Ópera de Kirov e apresentações de cultura coreana e de sonatas de Sergei Prokofiev (1891-1953).
"Começamos a colocar em cada ano o foco em um gênero de música ou em um país. No ano passado, apresentamos uma série concentrada na música do norte da África e do Oriente Médio. No ano anterior, o sul e o oeste da África", afirma a produtora.

Brasileiros
A parte brasileira do festival deste ano terá como principal destaque Carlinhos Brown, apresentado pelo Lincoln Center como "uma resposta brasileira a Prince", segundo definição publicada pelo jornal "The New York Times".
Ele fará seu show no sábado, ao lado de Hip Hop Roots, banda que costuma se apresentar com Brown no Brasil.
A abertura do festival, hoje, terá Selma do Coco e Mundo Livre. Amanhã é a vez de Lactomia e Timbalada. Na sexta, Vanildo de Pombos e Mestre Ambrósio. Mestre Salustiano e DJ Dolores encerram o festival no domingo.
Para as noites de Carlinhos Brown e da Timbalada, os ingressos estão quase acabando.
Zielinski viajou algumas vezes ao Brasil para escolher a lista dos artistas. "Procurei uma combinação de artistas que seriam conhecidos para os nova-iorquinos, como Carlinhos Brown e Timbalada, com artistas que seriam novos para eles", diz ela.
O Lincoln Center espera que o festival agrupe a seus frequentadores usuais pessoas que jamais tinham ido até lá.
Além dos shows, será organizado também um simpósio sobre a música nordestina brasileira, na tarde de sexta-feira, com participação de alguns artistas.
"São sons que vão além da familiar bossa nova e que emergiram das novas capitais musicais do país na Bahia e em Pernambuco, onde a música baseada na percussão e no ritmo é rural e tem profundas raízes africanas e caribenhas", diz a organização.