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DOCUMENTÁRIO
"Mulheres de Fassbinder" derruba mitos
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
Maria Braun crê que o marido
morreu e se torna amante de dois
outros homens. Laie Anderson,
cantora, foi uma espécie de mito
do nazismo. E ainda há Petra von
Kant, Lola etc. Todas imersas em
dramas de cores berrantes.
Essas mulheres, ou melhor, personagens, atormentaram e povoaram a carreira do cineasta alemão Rainer Werner Fassbinder
(1945-1982), como retrata "As
Mulheres de Fassbinder".
Produzido em 1997 para a televisão italiana e dirigido por Alessandro Colizzi, o documentário analisa a presença feminina na
produção do cineasta, com os depoimentos de Bernardo Bertolucci, Giovanni Spagnoletti, Liliana Cavani, entre outros. De "mulher
de Fassbinder" mais constante
em sua produção, apenas Hanna
Schygulla aparece.
Na obra de Fassbinder, vê-se
uma reflexão sobre as relações
humanas, a política existente nos
atos do cotidiano. Os personagens não são de modo algum super-heróis; trata-se, antes de mais nada, de pessoas comuns, vítimas
de suas próprias contradições.
Vem daí a opção pelo drama, a
ênfase na força das mulheres em
seus filmes. No mundo pós-guerra do cineasta, as suas protagonistas, com seus risos exacerbados e choros -o Fassbinder melô, discípulo de Douglas Sirk, diretor dos anos 50-, remetiam a uma
tentativa de fuga da realidade
opressora, machista, onde a beleza era o único modo possível de
comunicação.
A produção que o Eurochannel
exibe hoje tenta desmerecer alguns adjetivos que foram associados ao diretor, homossexual assumido, como "misógino", "racista", "nazista enrustido". "Não
acredito nisso. Ele queria, através
das mulheres, descrever a situação de seu país", diz Liliana Cavani no documentário.
AS MULHERES DE FASSBINDER.
Direção: Alessandro Colizzi. Quando:
hoje, às 21h, no Eurochannel.
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