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São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 2003

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DOCUMENTÁRIO

"Mulheres de Fassbinder" derruba mitos

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Maria Braun crê que o marido morreu e se torna amante de dois outros homens. Laie Anderson, cantora, foi uma espécie de mito do nazismo. E ainda há Petra von Kant, Lola etc. Todas imersas em dramas de cores berrantes.
Essas mulheres, ou melhor, personagens, atormentaram e povoaram a carreira do cineasta alemão Rainer Werner Fassbinder (1945-1982), como retrata "As Mulheres de Fassbinder".
Produzido em 1997 para a televisão italiana e dirigido por Alessandro Colizzi, o documentário analisa a presença feminina na produção do cineasta, com os depoimentos de Bernardo Bertolucci, Giovanni Spagnoletti, Liliana Cavani, entre outros. De "mulher de Fassbinder" mais constante em sua produção, apenas Hanna Schygulla aparece.
Na obra de Fassbinder, vê-se uma reflexão sobre as relações humanas, a política existente nos atos do cotidiano. Os personagens não são de modo algum super-heróis; trata-se, antes de mais nada, de pessoas comuns, vítimas de suas próprias contradições.
Vem daí a opção pelo drama, a ênfase na força das mulheres em seus filmes. No mundo pós-guerra do cineasta, as suas protagonistas, com seus risos exacerbados e choros -o Fassbinder melô, discípulo de Douglas Sirk, diretor dos anos 50-, remetiam a uma tentativa de fuga da realidade opressora, machista, onde a beleza era o único modo possível de comunicação.
A produção que o Eurochannel exibe hoje tenta desmerecer alguns adjetivos que foram associados ao diretor, homossexual assumido, como "misógino", "racista", "nazista enrustido". "Não acredito nisso. Ele queria, através das mulheres, descrever a situação de seu país", diz Liliana Cavani no documentário.


AS MULHERES DE FASSBINDER. Direção: Alessandro Colizzi. Quando: hoje, às 21h, no Eurochannel.


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