Super rolou a 16ª edição da Casa de Criadores, tão antiga quanto a São Paulo Fashion Week, mas muito mais jovem. Esse é o perfil do evento, que mostra novos nomes no incrível edifício Alexandre Mackenzie, prédio histórico onde funciona hoje o shopping Light. Tendo ao fundo o Vale do Anhangabaú e a mais legítima paisagem urbana paulistana, o lugar recebeu adequada embalagem experimental para o evento. Restaurante, bar, cabine de DJ, iluminação legal no lounge, alternativos e modernos de todas as áreas se reuniram para ver a nova moda.
O evento tem como característica lançar gente talentosa e, muitas vezes, totalmente desconhecida. Maior prova que o gostoso é se deixar levar e não pensar se o desfile é hype ou não, se o estilista é famoso ou badalado. Foram quatro estreantes nesta temporada, e quem não entrou para a seleção oficial do evento ganhou espaço no lounge para expor manequins ou mesmo fazer performances ao vivo, como a simpática instalação de Ivã Ribeiro, com uma modelo sentada, cercada de balões. A marca de bolsas Atelier Urbano também agradou.
O público aqui faz diferença. Há pencas de estudantes de moda, amigos, produtores, editoras de moda importantes (incluindo uma bela delegação de imprensa de outros Estados) e gente solta em geral, interessada na moda. E quer saber? Lotado. A Casa de Criadores encontrou seu tom certo.

EXCLUÍDOS TAMBÉM FAZEM MODA
Uma das coisas mais legais desta edição da Casa de Criadores foi o desfile dos participantes da oficina de criação coordenada por Karlla Girotto, em parceria com a agência Mint e a Coordenadoria da Juventude. Trata-se de um grupo de meninos e meninas de periferia, que entraram de cabeça no mundo de tecidos, drapeados, costuras e proporções. Além do óbvio valor social da iniciativa, dos singelos momentos de passarela e da emocionante entrada dos "estilistas" para receber a ovação do público, destaca-se a participação de Murilo Amaral (os últimos looks do desfile). Ele é o que demonstra ter o maior domínio sobre o vocabulário fashion, adequando melhor suas vontades e referências pessoais ao que pode efetivamente ser transformado em moda. Esses primeiros alunos também participaram dos bordados e aplicações nas peças do inverno 2004 da Ellus.

NO MASCULINO TEVE ATÉ BEIJO NA BOCA
No segundo dia do evento, pares de gêmeos e clones tomaram conta da passarela da Moshe, que se inspirou na cultura Las Vegas para mostrar uma coleção comercial, mas com boa edição de moda, que divertiu o público. Assim, o estilista Mauricio Pollacsek retomou sua verdadeira vocação e prova que já tem o que acrescentar ao mercado. Terminou o desfile com um simpático beijo na boca de dois rapazes, aplaudidíssimos. No terceiro dia, outra coleção masculina teve bons momentos, a de Paulo Carvas. Sob o tema olímpico da hora, ele conseguiu interessantes desdobramentos estilísticos, como a túnica-quimono, as sensacionais calças-agasalho, um canguru tipo esgrima e a divertida t-shirt com estampa trompe-l'oeil de luvas de boxe.

PRISCILLA DAROLT SE CONSAGRA NO EVENTO
Os desfiles do último dia da Casa de Criadores não tiveram tempo de entrar nesse balancinho, mas já dá para dizer que Priscilla Darolt foi um dos destaques. Ela mostrou sua melhor coleção até aqui e é neste verão meio inverno, coberto e barroco, que ela decola. A imagem é erótica, modelos de boca vermelha com maçãs falsas na boca, desfilando grandes casacos em lurex de estampa feminina e moderna. Embaixo, leggings decorativos, shortinhos. Volumosas, são as partes de cima as estrelas, com desdobramentos da forma pelerine. Instigante e inteligente, Priscilla se exercita nas proporções e sai vitoriosa, ainda que fazendo sua história pessoal. Ao final, marrons adoravelmente esquisitos tiram os batons das meninas para a consagração do neutro.
A marca Gêmeas avançou, desta vez caminhando em até então inexplorado território sexy. É verdade que sua imagem urbana, feita de muito preto e calças skinny de cintura baixa, é considerada sexy por muitos (por mim, por exemplo), mas, ao enxugar os comprimentos e lançar mão de vermelho, cetim e lingerie, as novas roupas das meninas poderiam ganhar até uma virada de pescoço na rua, de algum bofe desocupado.
Rober Dognani comprova seu amor pela figura feminina, assumindo o girlie e a coqueterie, com muito pink e rendas. Faltou um styling para o dia-a-dia, com um jeans ou leggings.

na noite ilustrada...
A noite de hoje começa com Johnny Luxo e Edu Corelli na noite Platinum, do artista plástico Xu, no ampgalaxy; no Pix rola a terceira edição da divertida noite Fotolog, com André Juliani e Thiago Salvione no som, mais a ultrafashion Melissa Depeyre na porta; os DJs Oscar Bueno e Camilo Rocha tocam na Boogaloo (r. Brigadeiro Galvão, 871); no D-Edge os DJs Marcos Morcerf, Nicolas Lutz e Renato Ratier dividem a sempre cheia Freak Chic. Amanhã tem a festa itinerante Xarope, no Vert (av. Bandeirantes, 373), com o DJ Pareto e o VJ Spetto; a simpática Vênus Automática, no ampgalaxy, recebe os DJs Adriano Costa, Max Blum e Polly, que se revezam no lounge enquanto na pista tocam Liberato, Magal e Hisato. Se jogue também na segunda, na On the Rocks do D-Edge: tem Nasi, do Ira!, dividindo o som com o megatop João Gordo


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