São Paulo, quarta, 16 de julho de 1997.



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Brincando de Deus é 'quase veterano'

Divulgação
Os baianos do Brincando de Deus (à frente, o vocalista Messias)


da Reportagem Local

O Brincando de Deus é quase um veterano no rock baiano. Foi formado em 92, já está a caminho do terceiro disco e tem um single lançado pelo selo Parasol Records nos Estados Unidos, Europa e Japão.
Além disso, o grupo tem site na Internet (www.facom.ufba/br/artcult/music/deus) e seu clipe "An Evening Out" aparece na programação da MTV. A seguir, trechos da entrevista concedida por telefone pelo vocalista Messias. (PD)

Folha - Por que o disco "Running Live on Your Mind: the Official Bootleg" é chamado pirata?
Messias
- É o nosso pirata. Foi um show em homenagem ao Ian Curtis do Joy Division, que fizemos no Hotel Pelourinho. É um disco todo ao vivo, gravado como se faz num pirata.
Folha - E como é a vendagem dos seus trabalhos?
Messias
- A gente sabe que metade das tiragens sempre vai para o exterior. Tivemos uns 3.000 discos vendidos no Brasil, tudo lançado pelo nosso selo próprio.
Folha - E como é fazer rock na Bahia?
Messias
- A cena não é uniforme como no Recife. Ao contrário, somos muito pulverizados. Também não há uma mistura com o axé, embora algumas bandas caminhem para isso. Há aqui umas 12 bandas que cantam em inglês e isso funciona até como uma transgressão. Hoje, ou se faz rock engraçadinho, ou com palavrão.
Folha - E quais são os temas da banda?
Messias
- As bandas brasileiras dos anos 80 ficaram com um discurso datado, panfletário, apologético. A gente pensou em fazer uma coisa mais universal. Ao mesmo tempo, as músicas são muito pessoais, mas, definitivamente, não engajadas.
Folha - Mas vocês têm grande influência dos anos 80?
Messias
- Fiz minha cabeça nessa época. Bandas como Ira, Legião Urbana, Camisa de Vênus são importantes. Mas o cerne da gente está em bandas como The Smiths, Felt. Os anos 80 sedimentaram a coisa mais melódica no rock. Tento assimilar essas coisas e ao mesmo tempo ir adiante, senão fica datado. Esse é o complicado hoje na música pop.
Folha - Na sua opinião, por que vocês não estão ligados a alguma gravadora maior?
Messias
- Acho que o fato de cantar em inglês seja um impedimento. Talvez, a gente seja mais difícil de trabalhar mesmo. Mas há uma espécie de acordo informal de não lançar bandas brasileiras que cantem em inglês.
Folha - Você era monge?
Messias
- Beneditino. Fiquei dois anos no seminário. Depois sai e resolvi montar a banda e me divertir. Agora, vou à igreja quando não tem ninguém. Até porque Salvador é meio barroca.



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