São Paulo, quarta, 16 de julho de 1997.



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Catapulta quer suingue baiano

da Reportagem Local

Com um integrante ex-músico de trio elétrico -o baixista Baé-, o Catapulta já saiu direto de Salvador para rádios e a MTV. A banda mistura influências de repente, embolada e literatura de cordel a um rock pesado.
Segundo o vocalista Moisés, é tudo fruto de um bom tempo de pesquisa em busca de "identidade", inspirada pelo mangue beat de Chico Science.
"Queremos misturar peso e o suingue baiano", disse Moisés à Folha, por telefone. A seguir, trechos da entrevista. (PD)

Folha - Por que vocês resolveram misturar outros ritmos com o rock?
Moisés
- Comecei a tocar em bares, numa banda de blues, há sete anos junto com o Markus (Kieta, guitarrista). Já nessa época fomos descobrindo a potencialidade dos instrumentos de percussão, misturamos salsa e a levada de samba-reggae. Mas, também já nessa época, a gente sentia necessidade de fazer um som mais pesado, mais para o metal ou hardcore.
Folha - Vocês estão fazendo seu terceiro show em Salvador. Por que tão poucas apresentações ao vivo na cidade?
Moisés
- Foi falta de oportunidade, mas isso tem a ver com a própria formação da banda. Quando paramos de tocar blues, eu e o Markus começamos a dar ênfase a um lado de pesquisa, dos ritmos baianos, da identidade. Era ficar tocando dentro do quarto.
Folha - Como foi isso e quanto tempo isso durou?
Moisés
- Ficamos assim cerca de um ano e meio. A gente compôs muita música e pesquisou ritmos de candomblé, repente, embolada. Sou do sertão baiano e sempre gostei muito de cordel, dessas coisas. Queria transportar isso para a música mais efervescente da época, o rock, que eu conheci mais quando vim para a capital fazer faculdade. Um ponto difícil para mim era a linguagem. Quando eu ia cantar coisas dos outros achava tudo muito complicado, então resolvi escrever, cantar, como falo no dia-a-dia.
Folha - E como foi a entrada do Baé (baixista)?
Moisés
- Estamos os três juntos desde 94. Nós tínhamos muita dificuldade de conseguir um baterista que tivesse, ao mesmo tempo, peso e o suingue baiano. O Baé tocou em trios, com Asa de Águia, Cid Guerreiro, mas ele sempre quis fazer parte de uma banda de rock.
Folha - E como veio o disco?
Moisés
- Tocamos no Skol Rock de 96, fizemos uma demo e recebemos o convite. Em uma semana gravamos o disco. Depois, pintou o clipe, que é uma coisa meio "cine trash" baiano.
Folha - E vocês já tem programação para shows no país?
Moisés
- Já fechamos uma turnê pelo Brasil inteiro, mas não sabemos por qual cidade começa nem a data exata de início.



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