São Paulo, Sexta-feira, 16 de Julho de 1999
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MÚSICA ERUDITA
Estréia hoje montagem milionária de ópera de Carlos Gomes
Teatro Municipal recebe "escravo" de R$ 4 milhões

CASSIANO ELEK MACHADO
da Reportagem Local

O centro de São Paulo recebe hoje o escravo mais valioso de sua história. Para levá-lo até o Teatro Municipal, foram necessários R$ 4 milhões. É esse o custo da superprodução "O Escravo", que estréia hoje, às 20h30.
"Lo Schiavo", nome original da ópera de Carlos Gomes (1834-1896), montada pela primeira vez em 1889, chega com contornos multinacionais, embora sem sua principal atração. Desde a manhã de segunda, a bilheteria do Municipal exibe um cartaz preenchido por caligrafia arredondada: "Ao público, comunicamos que a cantora Aprile Millo não se apresentará mais na ópera "O Escravo'".
A destacada soprano norte-americana repete, assim, a atuação que deixou de ter em agosto de 1997, quando, também por motivos pessoais, cancelou sua participação em montagem paulistana de "Otello".
Mesmo sem a grande estrela, a ópera não deixa de apresentar uma constelação internacional.
Produzido pela companhia Ópera Brasil do Maranhão, o espetáculo tem no elenco os norte-americanos Nina Edwards (soprano), Stephen Brown (tenor), Louis Otey (barítono) e Eugene Kohn (regente), o italiano Mario Bertoline (baixo), a francesa Rose-Marie Todaro (soprano), a grega Olga Bakali (soprano) e um rol extenso de cantores nacionais.
O destaque brasileiro é a soprano Aída Batista, que canta em território nacional pela primeira vez desde 1992, quando deixou para trás um passado simples na Baixada Fluminense para assegurar uma carreira lírica européia, tendo Viena como base.
Por trás dessa "assembléia da ONU" está o diretor do Teatro Arthur Azevedo, de São Luís (MA). Responsável pela concepção e pela direção do espetáculo, Bicudo justificou a escolha da ópera "O Escravo" por ser ela "a mais brasileira das óperas de Carlos Gomes, o maior compositor de óperas das três Américas".
Para acentuar a brasilidade da saga da índia Ilara e do branco Américo, o responsável pela concepção cênica da montagem, Hélio Eichbauer, fez cenário que reproduz a mata tropical fechada que ornamenta quadros de Rugendas (1802-1858).
Brasileira é também toda a "cozinha" do espetáculo. No fosso do Municipal estará a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. O coro também vem das Gerais. É o Coral Lírico do Estado, que está sendo regido por Luiz Aguiar, um dos maiores especialistas em Carlos Gomes. O corpo de dança é formado pelos integrantes do Balé do Teatro Arthur de Azevedo (MA).
"O Escravo" não ficará apenas em São Paulo. Depois de proporcionar um sorriso à escultura de Carlos Gomes na lateral do Municipal paulistano, a ópera do compositor campineiro viaja para outras seis capitais brasileiras (Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Belém, São Luís e Salvador).


Ópera: O Escravo Direção: Fernando Bicudo Quando: hoje, amanhã e segunda-feira, às 20h30; domingo, às 17h Onde: Teatro Municipal de São Paulo (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. 0/xx/ 11/222-8698) Quanto: de R$ 10 a R$ 120 Patrocínio: Petrobrás e Eletrobrás

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