|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA ERUDITA
Estréia hoje montagem milionária de ópera de Carlos Gomes
Teatro Municipal recebe "escravo" de R$ 4 milhões
CASSIANO ELEK MACHADO
da Reportagem Local
O centro de São Paulo recebe
hoje o escravo mais valioso de sua
história. Para levá-lo até o Teatro
Municipal, foram necessários R$
4 milhões. É esse o custo da superprodução "O Escravo", que estréia hoje, às 20h30.
"Lo Schiavo", nome original da
ópera de Carlos Gomes (1834-1896), montada pela primeira vez
em 1889, chega com contornos
multinacionais, embora sem sua
principal atração. Desde a manhã
de segunda, a bilheteria do Municipal exibe um cartaz preenchido
por caligrafia arredondada: "Ao
público, comunicamos que a cantora Aprile Millo não se apresentará mais na ópera "O Escravo'".
A destacada soprano norte-americana repete, assim, a atuação que deixou de ter em agosto
de 1997, quando, também por
motivos pessoais, cancelou sua
participação em montagem paulistana de "Otello".
Mesmo sem a grande estrela, a
ópera não deixa de apresentar
uma constelação internacional.
Produzido pela companhia
Ópera Brasil do Maranhão, o espetáculo tem no elenco os norte-americanos Nina Edwards (soprano), Stephen Brown (tenor),
Louis Otey (barítono) e Eugene
Kohn (regente), o italiano Mario
Bertoline (baixo), a francesa Rose-Marie Todaro (soprano), a grega Olga Bakali (soprano) e um rol
extenso de cantores nacionais.
O destaque brasileiro é a soprano Aída Batista, que canta em território nacional pela primeira vez
desde 1992, quando deixou para
trás um passado simples na Baixada Fluminense para assegurar
uma carreira lírica européia, tendo Viena como base.
Por trás dessa "assembléia da
ONU" está o diretor do Teatro
Arthur Azevedo, de São Luís
(MA). Responsável pela concepção e pela direção do espetáculo,
Bicudo justificou a escolha da
ópera "O Escravo" por ser ela "a
mais brasileira das óperas de Carlos Gomes, o maior compositor
de óperas das três Américas".
Para acentuar a brasilidade da
saga da índia Ilara e do branco
Américo, o responsável pela concepção cênica da montagem, Hélio Eichbauer, fez cenário que reproduz a mata tropical fechada
que ornamenta quadros de Rugendas (1802-1858).
Brasileira é também toda a "cozinha" do espetáculo. No fosso do
Municipal estará a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. O coro
também vem das Gerais. É o Coral Lírico do Estado, que está sendo regido por Luiz Aguiar, um
dos maiores especialistas em Carlos Gomes. O corpo de dança é
formado pelos integrantes do Balé do Teatro Arthur de Azevedo
(MA).
"O Escravo" não ficará apenas
em São Paulo. Depois de proporcionar um sorriso à escultura de
Carlos Gomes na lateral do Municipal paulistano, a ópera do compositor campineiro viaja para outras seis capitais brasileiras (Rio
de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Belém, São Luís e Salvador).
Ópera: O Escravo
Direção: Fernando Bicudo
Quando: hoje, amanhã e segunda-feira,
às 20h30; domingo, às 17h
Onde: Teatro Municipal de São Paulo
(pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. 0/xx/
11/222-8698)
Quanto: de R$ 10 a R$ 120
Patrocínio: Petrobrás e Eletrobrás
Texto Anterior: Rádio: Imprensa FM une o brega e o "étnico" Próximo Texto: Gismonti põe fraque na MPB Índice
|