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CRÍTICA
Um dos melhores filmes do ano, ponto
DE NOVA YORK
O que chama mais atenção
em "Insônia", que estréia
hoje nas salas de cinemas de São
Paulo, não é o fato de ser uma das
melhores obras do ano, refeita a
partir de um igualmente excelente filme, o norueguês homônimo
de 1997, e direcionada para uma
platéia que tenha mais de dois
neurônios.
Não é também por ser o primeiro longa hollywoodiano do brilhante anglo-americano Christopher Nolan, que desestruturando
o roteiro ajudou a reinventar o
thriller com seu "Amnésia/Memento" (2000). Ou por se tratar
de um noir que se passa o tempo
todo às claras, uma ironia genial.
Nem mesmo por conseguir arrancar de Al Pacino seu melhor
desempenho da última década,
revelar que Hilary Swank pode ir
além de sua atuação (e seu Oscar)
em "Boys Don't Cry" e transformar o chato Robin Williams num
dos mais assustadores personagens dos últimos tempos.
O que chama mais atenção em
"Insônia" é o cansaço quase insuportável que você, na platéia, vai
sentindo ao acompanhar a trajetória do personagem interpretado
por Pacino conforme ele não vai
conseguindo dormir e suas olheiras vão crescendo.
O diretor Nolan leva um cinema
inteiro a bocejar, não de tédio, como a maioria dos filmes deste
ano, mas de desespero.
E o detetive Will Dormer (Pacino) tem bons motivos para sofrer
da doença do título. Primeiro,
porque ele veio de Los Angeles
chamado por um velho amigo para ajudar a resolver um crime violento na cidade de Nightmute, no
Alasca, no período do ano em que
o sol nunca se põe.
Segundo, porque ele acidentalmente mata seu parceiro (Martin
Donovan), que ameaçava confessar à Corregedoria que Dormer
havia forjado uma das provas que
levou um pedófilo confesso à cadeia, o que poderia soltar não só
este como diversos criminosos
presos pelo detetive veterano.
Terceiro, porque ele é obrigado
a fazer um acordo secreto com o
escritor (Robin Williams) que cometeu o assassinato que o detetive
veio investigar, acordo que vai fugindo de controle e que leva a assistente local da polícia (Hilary
Swank) a sutilmente começar a
desconfiar da trama toda.
Por fim, por causa da janela de
seu quarto, a maldita janela que
Will Dormer leva no sobrenome
(a tradução literal do inglês para o
nome do personagem é uma das
"inside jokes" de Christopher Nolan, ironia que se repete no nome
da cidade e dos outros personagens principais) e que não o deixa
dormir, por mais que ele tente tapar a luz que entra.
A janela é a metáfora para a sua
consciência, mas isso você só vai
perceber depois de quase duas
horas de sofrimento.
(SÉRGIO DÁVILA)
Insônia
Insomnia
Produção: EUA, 2002
Direção: Christopher Nolan
Com: Al Pacino, Robin Williams e Hilary Swank
Quando: a partir de hoje nos cines Belas Artes, Eldorado 2, Lumière 1 e circuito
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