São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 2005

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MÚSICA

Problemas de som e de acústica continuaram no festival, que reuniu 1.800 pessoas para ver o MC5 no Fábrica Lapa

Na segunda noite, Campari volta às origens do rock

ADRIANA FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O festival Campari Rock encerrou sua primeira edição, no último sábado, com saldo positivo de público -1.800 pessoas- e negativo no que diz respeito à qualidade do som. Ainda que um pouco melhor do que no primeiro dia de shows, vocais, guitarras, baixo e bateria continuavam embolados, com momentos bem ruins, como no início da apresentação da banda sueca Dungen e durante a performance do Forgotten Boys.
A acústica do imenso galpão foi apontada como responsável pelo som sofrível. Como o problema não interferiu em todos os shows -MC5 e Los Pirata, por exemplo-, parte da responsabilidade deve ser creditada também aos técnicos de som dos grupos.
Cerca de 3.500 roqueiros passaram pelo galpão Fábrica Lapa nos dois dias do evento, que reuniu 19 atrações, com destaque para os shows da dupla anglo-americana The Kills, na sexta, e dos empolgados "tiozinhos" do MC5, sábado.
Ao contrário da noite de abertura, marcada pela diversidade de misturas de rock com electro, pop e eletrônica, o encerramento concentrou os shows de rock "tradicional", com destaque para o punk dos Irmãos Rocha!, os descontraídos Los Pirata e os barulhentos Forgotten Boys.
O jeitão do público também era outro: enquanto na sexta a maioria esmagadora era de jovens que conheciam todas as bandas do line-up, no sábado a moçada também apareceu, mas eram os fãs de rock das antigas que lotaram o galpão para ver o MC5.
"Eu não sabia nem que os caras [do MC5] estavam vivos", contou o engenheiro Danilo Kostenko, 37, baixista de uma banda de "classic rock". Na opinião de Kostenko, os festivais têm que resgatar a raiz do rock, principalmente dos anos 60 e 70. "Hoje há muita mistura de punk e rock com dance", afirmou.
Das dez bandas que tocaram nesse dia, Kostenko conhecia apenas o MC5, mas simpatizou com os Irmãos Rocha!. "Os caras são punk e, dentro desse estilo, tem que respeitar. Eles mostraram versões legais para músicas do álbum branco dos Beatles."
O outro grupo popular entre o público da velha-guarda era As Mercenárias -elas empolgaram a platéia durante o show e mostraram que, apesar do tempo em que estiveram separadas, mantêm a atitude rock'n'roll.
Elas eram a única atração conhecida pelo técnico em eletrônica Carlos Alberto, 30, além do MC5. "Vim assistir à banda [MC5] porque eles são influência de toda essa geração rock'n'roll", disse Alberto, que costuma freqüentar outros shows de rock: "Gosto de punk, pós-punk e hardcore".
Claro que essa não era a regra. O vendedor de discos Paulo Daca, 19, conhecia todas as atrações. "Queria ter chegado mais cedo para ver o Daniel Belleza [e os Corações em Fúria] e estava meio curioso para ver o Kills [na sexta]. De hoje [sábado], nem gosto muito das outras bandas", afirmou.
O valor do ingresso, principal reclamação do público que foi ao primeiro dia do Campari, dividiu opiniões. "Eu paguei meia-entrada e achei bem OK", disse Daca.
"Para ver o MC5, o preço está bom, mas achei caro por causa do lugar", explicou a estudante Luciana dos Anjos, 18, para quem a qualidade do som estava péssima.
Freqüentadora de clubes de rock como Funhouse e Outs, a estudante de arquitetura Katia Aprile, 23, não se arrependeu de comprar o ingresso. "Para o show que vai ter hoje, do MC5, o preço está normal. Antigamente era mais barato..."


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