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MÚSICA
Problemas de som e de acústica continuaram no festival, que reuniu 1.800 pessoas para ver o MC5 no Fábrica Lapa
Na segunda noite, Campari volta às origens do rock
ADRIANA FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O festival Campari Rock encerrou sua primeira edição, no último sábado, com saldo positivo de
público -1.800 pessoas- e negativo no que diz respeito à qualidade do som. Ainda que um pouco melhor do que no primeiro dia
de shows, vocais, guitarras, baixo
e bateria continuavam embolados, com momentos bem ruins,
como no início da apresentação
da banda sueca Dungen e durante
a performance do Forgotten Boys.
A acústica do imenso galpão foi
apontada como responsável pelo
som sofrível. Como o problema
não interferiu em todos os shows
-MC5 e Los Pirata, por exemplo-, parte da responsabilidade
deve ser creditada também aos
técnicos de som dos grupos.
Cerca de 3.500 roqueiros passaram pelo galpão Fábrica Lapa nos
dois dias do evento, que reuniu 19
atrações, com destaque para os
shows da dupla anglo-americana
The Kills, na sexta, e dos empolgados "tiozinhos" do MC5, sábado.
Ao contrário da noite de abertura, marcada pela diversidade de
misturas de rock com electro, pop
e eletrônica, o encerramento concentrou os shows de rock "tradicional", com destaque para o
punk dos Irmãos Rocha!, os descontraídos Los Pirata e os barulhentos Forgotten Boys.
O jeitão do público também era
outro: enquanto na sexta a maioria esmagadora era de jovens que
conheciam todas as bandas do line-up, no sábado a moçada também apareceu, mas eram os fãs de
rock das antigas que lotaram o
galpão para ver o MC5.
"Eu não sabia nem que os caras
[do MC5] estavam vivos", contou
o engenheiro Danilo Kostenko,
37, baixista de uma banda de
"classic rock". Na opinião de Kostenko, os festivais têm que resgatar a raiz do rock, principalmente
dos anos 60 e 70. "Hoje há muita
mistura de punk e rock com dance", afirmou.
Das dez bandas que tocaram
nesse dia, Kostenko conhecia
apenas o MC5, mas simpatizou
com os Irmãos Rocha!. "Os caras
são punk e, dentro desse estilo,
tem que respeitar. Eles mostraram versões legais para músicas
do álbum branco dos Beatles."
O outro grupo popular entre o
público da velha-guarda era As
Mercenárias -elas empolgaram
a platéia durante o show e mostraram que, apesar do tempo em que
estiveram separadas, mantêm a
atitude rock'n'roll.
Elas eram a única atração conhecida pelo técnico em eletrônica Carlos Alberto, 30, além do
MC5. "Vim assistir à banda
[MC5] porque eles são influência
de toda essa geração rock'n'roll",
disse Alberto, que costuma freqüentar outros shows de rock:
"Gosto de punk, pós-punk e
hardcore".
Claro que essa não era a regra. O
vendedor de discos Paulo Daca,
19, conhecia todas as atrações.
"Queria ter chegado mais cedo
para ver o Daniel Belleza [e os Corações em Fúria] e estava meio
curioso para ver o Kills [na sexta].
De hoje [sábado], nem gosto muito das outras bandas", afirmou.
O valor do ingresso, principal
reclamação do público que foi ao
primeiro dia do Campari, dividiu
opiniões. "Eu paguei meia-entrada e achei bem OK", disse Daca.
"Para ver o MC5, o preço está
bom, mas achei caro por causa do
lugar", explicou a estudante Luciana dos Anjos, 18, para quem a
qualidade do som estava péssima.
Freqüentadora de clubes de
rock como Funhouse e Outs, a estudante de arquitetura Katia
Aprile, 23, não se arrependeu de
comprar o ingresso. "Para o show
que vai ter hoje, do MC5, o preço
está normal. Antigamente era
mais barato..."
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