São Paulo, domingo, 16 de agosto de 2009

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Mônica Bergamo

bergamo@folhasp.com.br

Mastrangelo Reino/Folha Imagem
Visitantes fazem fila para conhecer o Global Express XRS de US$ 50 milhões

Asa própria

Felipe Massa e Rubens Barrichello se deslocam entre as etapas do circo da Fórmula 1 a bordo de suas aeronaves particulares. Empresários como Eike Batista, maior bilionário do Brasil, Michael Klein, das Casas Bahia, e Abilio Diniz, do Pão de Açúcar, também cruzam os céus do mundo com aviões próprios. Sessenta modelos, alguns semelhantes a suas aquisições e outros que só estarão no mercado em 2013, foram estacionados e abertos para visitação até ontem na Labace, maior feira de aviação executiva da AL.

 

Enquanto Rubens Barrichello é dono de um Legacy 600 de US$ 27 milhões (mesmo modelo de Eike Batista e de outros oito brasileiros), Felipe Massa comprou um Avanti II de US$ 7,2 milhões. A fabricante, Piaggio Aero, italiana, trouxe um modelo igual ao dele para exibir na feira brasileira. Aproveitou para pendurar um pôster do piloto no estande. John Bingham, vice-presidente da empresa, diz que procura parceiros brasileiros para entrar no mercado nacional, onde só no ano passado foram entregues 350 aviões novos (a frota brasileira de aviação executiva ultrapassa as 10,5 mil aeronaves). O Avanti II, para sete passageiros, tem telefone via satélite a bordo e autonomia de voo de 2.700 km.

 

O português João Moutinho, dono da Linford Aviation, bancou o caixeiro viajante para apresentar o Observer 2, da italiana Vulcanair (US$ 790 mil), que está sendo lançado no Brasil. Com a frente construída em material transparente, a aeronave lembra o jato invisível que a Mulher Maravilha pilota nos quadrinhos.

 

Moutinho espera ter entre seus clientes fazendeiros ("Ele voa em baixa altitude e pode pousar em pistas curtas de terra e de grama") e empresas como a Petrobras, para a inspeção de gasodutos e plataformas de petróleo que poderiam ser vistos pela fuselagem transparente. "Chamo esse avião de James Bond, que um dia está de black-tie, no cassino de Monte Carlo, e no outro protege as fronteiras da Amazônia".

 

O jornalista William Waack circulava pela feira no dia da abertura, na quinta passada. Piloto e dono de um avião pequeno, ele passeia no evento "como amante da aviação" e dá dicas para a equipe do "Jornal da Globo" que grava matéria no local. "Isso aqui é consumo puro". João Lisboa, diretor de vendas da Bombardier para a América do Sul, o encontra e o convida "para tomar um drinque" no estande da empresa, que exibe o "mock-up" (avião em tamanho real, mas sem asas nem motor) do Learjet 85. Prometido para 2013 por US$ 19,9 milhões, ele pode ir de São Paulo a Dacar, no Senegal, com oito passageiros e já tem 60 unidades encomendadas, "algumas delas no Brasil". Suporta internet de alta velocidade e possui monitores de vídeo HD.

 

Ao lado do Learjet está um dos aviões mais caros do evento, o Global Express XRS, avaliado em US$ 50 milhões. Pode carregar 19 passageiros por 11,3 mil quilômetros, numa performance propagandeada como a maior autonomia do mercado -pode ir direto de Nova York a Tóquio ou, com uma escala, do Brasil para a Ásia.

 

Tem sala de TV para quatro pessoas, onde também podem ser instalados iPod e videogame. O sofá pode ser transformado em cama de casal. A aeronave também tem adega para oito garrafas e chuveiro como um de seus itens opcionais. A Vale é dona de um. O bispo Edir Macedo, da Igreja Universal e dono da TV Record, também. Outros cinco aviões serão entregues a brasileiros até 2012.

 

O empresário Michael Klein, das Casas Bahia, visitou a feira logo na quinta, dia de abertura do evento. Ele jura que não foi comprar nada. "Só vim visitar e rever os amigos", diz. Mas reconhece, entre as aeronaves expostas, modelos iguais aos seus: um Citation Sovereign (US$ 18,5 milhões) e um Challenger (US$ 21 milhões). Usa um deles para viagens curtas e o outro para as mais longas.

 

A desaceleração da economia mundial ajudou a reduzir o número de novidades em exposição, segundo Rui Thomaz de Aquino, presidente da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), organizadora da feira. "Ninguém lançou produto novo depois da crise", diz. "Lançamento você não faz todo mês nem todo ano", rebate o diretor de inteligência de mercado da Embraer, Cláudio Camelier.

 

A Embraer exibiu produtos antigos, como o Legacy 600 igual ao de Barrichello e de Eike Batista, e também novidades, como o "mock-up" do jato Legacy 500, que será lançado em 2012 ao preço de US$ 18,5 milhões. Estacionou por lá ainda os jatos Phenom -para os quais há fila de espera. O empresário João Doria Jr., por exemplo, deve receber o seu até o fim do ano.

Reportagem DIÓGENES CAMPANHA



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