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VÍDEO - LANÇAMENTOS
Esses diretores Malucos (Dalton TruMbo e Terrence Malick) e seus filmes Maravilhosos
FÁTIMA GIGLIOTTI
da Reportagem Local
"Um homem só pode fazer uma
coisa. Encontrar algo que é dele e
fazer uma ilha para si mesmo". A
frase é de um dos soldados de
"Além da Linha Vermelha", que
tenta preservar a consciência em
meio ao terror da batalha de Guadalcanal, uma das mais sangrentas da Segunda Guerra Mundial,
reconstituída pelo diretor Terrence Malick no filme, indicado a sete
Oscars, vencedor do festival de
Berlim e que já está nas locadoras.
Mas a frase bem pode ser aplicada ao próprio Malick (leia quadro
à dir.), cineasta bissexto com apenas três filmes em sua carreira.
Dele, sabe-se que é roteirista e diretor, ou seja, cinema é "algo que
é dele". Revelou talentos como
Sissy Spacek, Richard Gere e Nestor Almendros e foi professor de
filosofia. Mais informações, estão
cuidadosamente guardadas na
"ilha" em que ele vive.
Mas há situações em que, mesmo sem desejar, um homem é
forçado a viver em uma ilha. Pode-se dizer que foi o que aconteceu com Dalton Trumbo (leia
quadro à esq.), diretor de um único filme, "Johnny Vai à Guerra",
em setembro nas locadoras.
Perseguido pelo macarthismo
-o movimento de caça às bruxas
empreendido por Hollywood nas
décadas de 40 e 50 para identificar
os colaboradores da indústria do
cinema filiados ao comunismo-,
Trumbo, escritor e roteirista, precisou usar pseudônimos para
continuar trabalhando em algo
que era dele, o cinema.
Ilhados por opção pessoal ou
não, Malick e Trumbo compartilham o mesmo feito: deram ao cinema uma versão muito pessoal
de um filme de guerra. Em "Além
da Linha Vermelha" -adaptado
do romance de James Jones- e
"Johnny Vai à Guerra", o que menos se vê são canhões, tiros e a rivalidade entre nações, que, afinal,
é o que dá sentido a uma guerra.
Ambos deslocam o foco narrativo do conflito político para o embate interior daqueles que encenam, em última análise, a guerra:
os soldados nas trincheiras.
"Johnny Vai à Guerra", premiado
no festival de Cannes, que foi
adaptado pelo próprio Trumbo
de seu livro "Uma Arma para
Johnny", concentra-se nas memórias de Joe (Timothy Bottoms), soldado ferido no último
dia da Primeira Guerra Mundial.
Reduzido a um tronco e à parte
anterior da cabeça, ele é deixado
numa cama de hospital para ser
exibido, posteriormente, como
exemplo dos horrores da guerra.
Mas desafia todas as leis conhecidas pela medicina da época, porque, ainda assim, pensa e sente.
Suas memórias, de antes da
guerra e da própria, filmadas em
cores e preto-e-branco, movem a
narrativa. Trumbo dá ao personagem de Joe, imobilizado mas
consciente, o peso de uma desesperadora metáfora do papel dos
homens que fazem uma guerra e
da guerra. Nem tão conscientes.
Muda o cenário, para a Segunda
Guerra, mas o tom é o mesmo.
Malick preenche o espaço paradisíaco das ilhas asiáticas, onde situa-se Guadalcanal, com o pensamento dos soldados, fantoches
nas mãos de superiores desumanos, que tentam preservar a sua
humanidade em meio à batalha.
Na sequência inicial, Witt (James Caviezel) pergunta por que a
natureza luta com ela mesma e diz
já ter ouvido falar de imortalidade, mas que nunca a viu. Malick e
Trumbo fizeram de seus filmes de
guerra um lírico protesto pela humanidade. E ganharam um pedacinho da imortalidade com isso.
Título: Além da Linha Vermelha (The
Thin Red Line)
Diretor: Terrence Malick
Produção: EUA, 1998, 170 min.
Com: James Caviezel, Sean Penn, Ben
Chaplin
Avaliação:
Título: Johnny Vai à Guerra (Johnny Got
His Gun)
Diretor: Dalton Trumbo
Produção: EUA, 1968, 111 min.
Com: Timothy Bottoms, Don "Red"
Barry, Kathy Fields
Avaliação:
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