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TELEVISÃO
Dona Marta Suplicy e as paternidades
TELMO MARTINO
Colunista da Folha
Marta Suplicy está, outra vez,
com programa de TV. Chama-se "Jogo Aberto" e é muita falação para as noites de sábado da
Band. Ela veste um terninho
preto e um pulôver bege bem
quentinho. Com todas as DST
que estão proliferando por aí,
ela quer mudar de assunto.
Quer falar da paternidade nos
dias de hoje.
Com um círculo mais povoado do que as sessões no Congresso, dona Marta estabeleceu
a confusão. Quem tinha história interessante para contar era
interrompido para que todo
mundo pudesse falar. Imagine
o arrependimento de quem foi
interrompido para que a Mara
(née Maravilha) pudesse falar.
Até a história dela era gorda.
Tinha dois pais. Odiava o verdadeiro e amava o padrasto.
Com seu kit de primeiros socorros, a Marta chegou rápido, dizendo que a mãe destrói a imagem do pai.
Marta Suplicy deu preferência a nomes conhecidos. Tinha,
por exemplo, a moça que o pai
não quis aceitar a conclusão do
DNA. Era a filha do Pelé, "uma
referência muito bonita". Depois dela foi a vez do médico
Adib Jatene. Mesmo com o brilho da CPMF no olhar, foi envolvente o doutor Jatene contar
que perdeu o pai, médico, aos 2
anos, mas, influenciado pela
imagem que a mãe preservou,
tornou-se médico e tem três filhos médicos.
Com aquele círculo superpovoado, a dona Marta tinha que
ser ríspida em suas interrupções. A psicanalista Ana Verônica Mautner foi uma vítima
contente. Apesar do seu ar alegre e aconchegante, era despachada, deixando sensação de
perda. Até o Leão Lobo estava
lá. Ele é pai, "mas não de produção". Os parênteses não foram suficientes. Quando ele
voltou a falar, a dona Marta
fez questão de chamar a atenção para sua condição de "ho-mos-se-xu-al"". "Mas a mãe da
menina mora comigo". Dona
Marta não sabia o que fazer
com tanta gente. E aquele homossexual querendo falar duas
vezes.
Até o filho do Roberto Carlos
foi. Dona Marta vai acabar
editando "Caras", já que seus
dias de "Bundas" ela tem pânico de que sejam reativados. O
rapazinho disse que a mãe
mantém muito positiva a imagem do pai.
Outra história emocionante
foi a de um pai de cavanhaque
que ficou com três filhos pequenos com a morte da mulher.
Mas a dona da arena achou
que não rendia polêmica. Guilherme Arantes, o músico, disse
que tinha um filho em cada
canto, com afeto para todos.
Também não era bem isso.
Tentou-se o filho da mãe de
gravata. Ele disse, bonitinho,
que os pais se separaram, mas a
família é perene. O padre Júlio
Lancellotti, o pai dos aidéticos,
foi respeitado. Ele é uma contribuição para o final.
Toda a falação era para provar que a família se transforma
e um novo caminho se delineia.
É o que Marta Suplicy quer, e
está certa. Só porque, é claro,
ela é a dona do programa. Não
é à toa que os filhos dela não falam. Cantam. Um exemplo de
família muito bem delineada.
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