|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Artista discute
senso comum
da Reportagem Local
O trabalho do artista belga Wim
Delvoye se desenvolve a partir de
questionamentos das imagens comuns do nosso dia-a-dia.
Em palavras mais simples, ele
quer deixar o espectador com a
pulga atrás da orelha, e a própria
metáfora poderia ser usada como
trabalho seu.
Sua obra se desenvolve a partir
do questionamento do bom senso
e do gosto comum a partir da combinação de elementos contraditórios: merda que decora azulejos,
emblemas nobiliários que decoram pás de pedreiro, telescópios
em que o visor se localiza no ânus
de uma estátua de bronze. Outra
estratégia é utilizar linguagens tidas como artísticas pelo gosto comum: os pratos decorados, os arabescos dos azulejos, os brasões de
família, as tatuagens.
Nas telas que apresenta a partir
de hoje na galeria Luisa Strina, por
exemplo, concebidas a partir da
reprodução com jato de tinta de
uma fotografia de uma paisagem
na qual incluiu uma mensagem
banal, Delvoye nos coloca em contato com a privacidade do outro,
algo que a mídia diariamente o faz,
sem escrúpulos.
Uma mensagem que deveria durar alguns momentos, estabelecer
uma comunicação entre duas pessoas, ganha uma conotação de
eternidade ao ser anexada à grandiosidade da paisagem.
Delvoye questiona a maneira como o espectador vê uma imagem
ao deslocá-la de sua sua banalidade diária e retrabalhada junto com
outro tipo de informação. É como
o próprio artista diz: "É muito difícil ver um porco da mesma forma
depois de ver um tatuado".
(CF)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|