São Paulo, terça, 16 de setembro de 1997.



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Artista discute senso comum

da Reportagem Local

O trabalho do artista belga Wim Delvoye se desenvolve a partir de questionamentos das imagens comuns do nosso dia-a-dia.
Em palavras mais simples, ele quer deixar o espectador com a pulga atrás da orelha, e a própria metáfora poderia ser usada como trabalho seu.
Sua obra se desenvolve a partir do questionamento do bom senso e do gosto comum a partir da combinação de elementos contraditórios: merda que decora azulejos, emblemas nobiliários que decoram pás de pedreiro, telescópios em que o visor se localiza no ânus de uma estátua de bronze. Outra estratégia é utilizar linguagens tidas como artísticas pelo gosto comum: os pratos decorados, os arabescos dos azulejos, os brasões de família, as tatuagens.
Nas telas que apresenta a partir de hoje na galeria Luisa Strina, por exemplo, concebidas a partir da reprodução com jato de tinta de uma fotografia de uma paisagem na qual incluiu uma mensagem banal, Delvoye nos coloca em contato com a privacidade do outro, algo que a mídia diariamente o faz, sem escrúpulos.
Uma mensagem que deveria durar alguns momentos, estabelecer uma comunicação entre duas pessoas, ganha uma conotação de eternidade ao ser anexada à grandiosidade da paisagem.
Delvoye questiona a maneira como o espectador vê uma imagem ao deslocá-la de sua sua banalidade diária e retrabalhada junto com outro tipo de informação. É como o próprio artista diz: "É muito difícil ver um porco da mesma forma depois de ver um tatuado". (CF)



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