São Paulo, Quinta-feira, 16 de Setembro de 1999
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OLYMPIA, SP, 14/9

James Brown escapa da cafonice graças aos hits

EDSON FRANCO
Editor interino de Suplementos

Durante a hora e meia que ocupou o palco da casa paulistana Olympia, anteontem, o cantor norte-americano James Brown, 66, tentou deliciar a platéia com um festival de excessos.
Os números. Desfilaram diante do público 11 músicos -entre eles dois bateristas e três baixistas-, cinco vocais de fundo, três bailarinas, um mestre de cerimônias, um faz-tudo e um mágico.
Esse verdadeiro batalhão fez com que o show do cantor misturasse um pouco da pompa luxuriante de Las Vegas, do descompromisso do vaudeville e da expectativa circense.
Somado ao figurino asfixiantemente brilhante e vermelho, o show só não mergulhou na total cafonice porque Brown tem um repertório inabalável de hits.
Mas, mesmo com eles, o show demorou para decolar. Às 22h33, a banda entrou no palco e começou a improvisar sobre temas de jazz e de blues. Foi um show de coesão e dinâmica. Primeiros aplausos, ainda tímidos.
Depois, entrou um mestre de cerimônias -que mais parecia uma cópia borrada de Sammy Davis Jr.- para anunciar a próxima atração: uma cantora desconhecida vinda de Las Vegas. Aplausos forçados e primeiras demonstrações de impaciência.
Às 22h55, Brown subiu ao palco e começou a virar o jogo. Transformou "I'm Back" em vinheta e emendou "Get up Off That Thing", "Cold Sweat" e "Gonna Have a Funky Good Time".
Foi o suficiente para que as primeiras cabeças na platéia começassem a se movimentar.
Com a ajuda de três bailarinas ensandecidas, "Living in America" deu mostras do poder de fogo do cantor, logo atenuado por uma "Every Beat of My Heart" instrumental, em que Brown tentou mostrar ser capaz de solar ao teclado. Vergonhoso, no mínimo.
O show só parece ter começado de verdade depois da apresentação do mágico, mais exatamente na hora em que Brown cantou comedidamente os primeiros versos de "I Got You (I Feel Good)".
Daí para a frente, o que se viu foi uma onda da platéia na direção do palco, alguns até chegaram a invadi-lo. Todos dançaram até o final ao som de "Sex Machine".
Foi o momento em que mesas e cadeiras -úteis na hora de suportar a cantora de Las Vegas, o mágico e os R$ 4 cobrados por lata de cerveja- viraram estorvo.


Avaliação :   


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