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OLYMPIA, SP, 14/9
James Brown escapa da cafonice graças aos hits
EDSON FRANCO
Editor interino de Suplementos
Durante a hora e meia que ocupou o palco da casa paulistana
Olympia, anteontem, o cantor
norte-americano James Brown,
66, tentou deliciar a platéia com
um festival de excessos.
Os números. Desfilaram diante
do público 11 músicos -entre
eles dois bateristas e três baixistas-, cinco vocais de fundo, três
bailarinas, um mestre de cerimônias, um faz-tudo e um mágico.
Esse verdadeiro batalhão fez
com que o show do cantor misturasse um pouco da pompa luxuriante de Las Vegas, do descompromisso do vaudeville e da expectativa circense.
Somado ao figurino asfixiantemente brilhante e vermelho, o
show só não mergulhou na total
cafonice porque Brown tem um
repertório inabalável de hits.
Mas, mesmo com eles, o show
demorou para decolar. Às 22h33,
a banda entrou no palco e começou a improvisar sobre temas de
jazz e de blues. Foi um show de
coesão e dinâmica. Primeiros
aplausos, ainda tímidos.
Depois, entrou um mestre de
cerimônias -que mais parecia
uma cópia borrada de Sammy
Davis Jr.- para anunciar a próxima atração: uma cantora desconhecida vinda de Las Vegas.
Aplausos forçados e primeiras demonstrações de impaciência.
Às 22h55, Brown subiu ao palco
e começou a virar o jogo. Transformou "I'm Back" em vinheta e
emendou "Get up Off That
Thing", "Cold Sweat" e "Gonna
Have a Funky Good Time".
Foi o suficiente para que as primeiras cabeças na platéia começassem a se movimentar.
Com a ajuda de três bailarinas
ensandecidas, "Living in America" deu mostras do poder de fogo
do cantor, logo atenuado por uma
"Every Beat of My Heart" instrumental, em que Brown tentou
mostrar ser capaz de solar ao teclado. Vergonhoso, no mínimo.
O show só parece ter começado
de verdade depois da apresentação do mágico, mais exatamente
na hora em que Brown cantou comedidamente os primeiros versos de "I Got You (I Feel Good)".
Daí para a frente, o que se viu foi
uma onda da platéia na direção
do palco, alguns até chegaram a
invadi-lo. Todos dançaram até o
final ao som de "Sex Machine".
Foi o momento em que mesas e
cadeiras -úteis na hora de suportar a cantora de Las Vegas, o
mágico e os R$ 4 cobrados por lata de cerveja- viraram estorvo.
Avaliação :
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