São Paulo, Quinta-feira, 16 de Setembro de 1999
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"THE RED VIOLIN"

Filme conta saga trágica de instrumento


RENATO FRANZINI
de Nova York

Um instrumento musical é o protagonista do mais novo filme do diretor François Girard, o mesmo de "32 Curtas sobre Glenn Gould"
"The Red Violin" (O Violino Vermelho) conta a história imaginária de um instrumento tecnicamente perfeito que troca de mãos com o passar de três séculos e diversos movimentos artísticos.
Mas, diferente de "32 Curtas", as locações em cinco países servem para contar uma única história.
"O processo de filmagem foi na verdade o oposto de "32 Curtas", no qual havia um filme pretendendo ser 32. Nesse caso, há cinco filmes pretendendo ser um", disse Girard.
As filmagens duraram seis meses, começando em fevereiro de 1997, no Canadá. Houve locações ainda na Áustria, Itália, Inglaterra e China.
O filme estreou no fim do ano passado nos EUA e a propaganda boca-a-boca está fazendo com que ele tenha longevidade nas salas de cinema do país.
Já arrecadou US$ 6.450.791 nos EUA. Em Nova York, está sendo exibido em quatro salas (eram duas há dois meses).
O apelo do filme é juntar uma história cativante com uma trilha sonora muito bem executada, composta por John Corigliano (ganhador de dois Grammys em 1996).
A única estrela de Hollywood no elenco é Samuel L. Jackson, que este ano fez "blockbusters" como "Star Wars".
A narrativa se estrutura em torno de um leilão de uma série de valiosos instrumentos musicais em Montreal (Canadá).
De todas as peças, no entanto, a mais cobiçada é o violino vermelho, feito em 1681 pelo mestre italiano Nicolo Bussotti.
O inescrupuloso Charles Morritz (Jackson), que trabalha como especialista em violinos para a casa de leilões, define o instrumento como o "perfeito casamento de ciência e beleza" e "a mais perfeita máquina acústica".
Flashbacks mostram cronologicamente por onde passou o instrumento, desde sua criação -e por que há tantas pessoas interessadas em obtê-lo.
Cada flashback é uma história própria -e trágica.
Começa pela produção do instrumento. Bussotti (Carlo Cecchi) o elabora como um presente a seu filho. Mas sua mulher morre ao dar à luz.
Ele então decide manter viva a alma de sua mulher, usando o sangue dela para pintar o instrumento. No final do filme, essa cena é revelada.
O instrumento chega a monges austríacos no século 18, que encorajam um órfão a tocá-lo. O instrumento sobrevive, mas o garoto, não.
Depois de passar também pelas mãos de um compositor inglês, em 1893, chega à China no século 20.
Em uma das cenas, sobrevive a um julgamento no qual membros do Partido Comunista tentam queimá-lo.
O final da história mostra descendentes de todas as pessoas que uma vez colocaram a mão no instrumento disputando-o no leilão.


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