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ANÁLISE
Autor atualiza idéias
ALCINO LEITE NETO
DE PARIS
"A Arte de Viver para as
Novas Gerações" (67) é
um dos mais belos panfletos políticos do século 20. "A Era dos
Criadores", novo livro de Raoul
Vaneigem, é um programa antropológico-poético, de tom confessional, em que defende a criação e
a arte de viver contra o "totalitarismo financeiro e tecnológico".
"A criatividade é a melhor coisa
partilhada no mundo e a mais
universalmente sacrificada. Ela é
um ato de gratuidade numa sociedade onde tudo se compra, se
vende, se paga, se troca", diz.
Sua hipótese, próxima da de Oswald de Andrade, é que nas origens da sociedade atual e de seu
rancor pela vida criadora está o
fim do matriarcado e uma revolução agrária que substituiu a "era
da abundância" por um "sistema
imperativo de rarefação (da produção) e de lucro".
Nessa sociedade, a pulsão criadora se transformou em "parte
maldita do trabalho". Ele não está
falando em capacidade de criar
objetos mercantis, mas da alegria
de criar a si mesmo e à vida.
"A tecnologia se tornou uma
teologia da criação", adverte. O
"totalitarismo tecnológico", para
ele, "condena o indivíduo a morrer para si mesmo a fim de renascer num além percebido como o
espelho de uma existência puramente espetacular".
"A Era dos Criadores" atualiza
as idéias de Vaneigem aos tempos
atuais. Ele recusa fortemente que
essas idéias sejam utópicas. "A
poesia será a ciência do futuro",
observa, com sua escrita apaixonada, que tenta entender por que
nós detestamos tanto a vida.
L'ÉRE DES CRÉATEURS. De: Raoul
Vaneigem. Editora: Editions Complexe.
Preço: 14,90 euros (cerca de R$ 44; 120
págs.). Onde encomendar: www.amazon.fr
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