São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 2005

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CRÍTICA

Camisa-de-força impede vôos mais livres

DA SUCURSAL DO RIO

As maiores qualidades e os maiores defeitos de "Sabotador de Satélite" estão no mesmo lugar: o conceito do CD. Totonho teve a idéia de unir ritmos tradicionais à eletrônica e adequou tudo (letras, arranjos) a ela. Há muitas coisas boas, mas a camisa-de-força impediu vôos mais livres.
"Jaspion do Pandeiro", "Poeira Estrelar", "O Homem Pisou na Lua", "Eu Mandei Meu Amor pro Espaço", a faixa-título... Os títulos das músicas deixam claro o clima ficção-científica das composições, que vão à Lua para falar das indigências e mesmices do presente.
"O homem devia evoluir/ E voltar a ser macaco", diz Totonho em "O Homem Pisou na Lua". "A lua tá precisando de saneamento básico/ Medidas de impacto/ Pra não se acabar na merda", profetiza ele em "Saneamento Básico".
São boas idéias que derivam da idéia-mãe do CD. Mas a insistência na tecla incorre naquilo que Totonho mais odeia: a cópia de si mesmo, a repetição. Em uma faixa como "Rita Leea de Itamaracá", a fusão de temas chega a ser óbvia, mas o resultado é uma boa "ciranda eletrônica".
Mais leve do que conceitual, ele acerta em passagens como a final de "Tenente Jeff": "Orangotanga/ Uma fila de dobrar quarteirão/ Pra concurso de baranga/ A vendedora de Avon/ Sente o cheiro de quem ama". Dá para rir, dançar e até pensar. (LFV)


Sabotador de Satélite
   
Artista: Totonho e Os Cabra
Gravadora: Trama
Quanto: R$ 23, em média


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