São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 2005

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CINEMA

Vencedor de quatro Oscars como diretor e produtor, o cineasta americano havia completado 91 anos no sábado

Morre Robert Wise, de "A Noviça Rebelde"

DA REPORTAGEM LOCAL

Vencedor de quatro Oscars como diretor e produtor de dois grandes musicais dos anos 60, "Amor, Sublime Amor" (1961) e "A Noviça Rebelde" (1965), morreu anteontem, em Los Angeles, de ataque cardíaco, o cineasta americano Robert Wise.
Lawrence Mirisch, agente e amigo de longa data de Wise, disse à agência de notícias Associated Press que o diretor parecia bem de saúde até o último sábado, dia 10, quando havia comemorado seu 91º aniversário.
A mulher de Wise, Mellicent, que estava na Espanha para apresentar uma retrospectiva da obra do marido no Festival de San Sebastian, programada para começar hoje, voltou aos Estados Unidos ao saber da notícia.
Nascido no dia 10 de setembro de 1914, em Winchester, Indiana, Wise abandonou os estudos na faculdade durante a Grande Depressão, depois que seu irmão, um contador da RKO Pictures, conseguiu um emprego como mensageiro para ele naquele estúdio. Ali, Wise começou sua carreira como técnico de som, tornando-se em seguida montador de filmes como "A História de Irene Castle e Vernon" (1939).
Sua estréia como diretor aconteceu em 1944 em "A Maldição do Sangue de Pantera", longa que teve que finalizar numa substituição de última hora. Satisfeito com seu trabalho, o produtor de filmes de terror Val Lewton contratou Wise para dirigir "O Túmulo Vazio" no ano seguinte.

Influências
Com uma carreira de mais de 50 anos (veja destaques no quadro ao lado), Wise dirigiu um total de 39 filmes, de ficções científicas ("O Dia em que a Terra Parou", de 1951) a faroestes ("Honra a um Homem Mau", de 1955).
"Prefiro fazer as minhas próprias coisas, escolher projetos que me levem a todos os gêneros", disse certa vez o diretor. "Não tenho um tipo preferido de filme. Apenas procuro o melhor material que possa achar."
Wise reputava grande influência em seu trabalho a Orson Welles, para quem ele montou "Cidadão Kane" (1941) e "Soberba" (1942). "Foi a pessoa mais próxima de um gênio que conheci", afirmava ele.
O diretor também creditou parte do sucesso de "A Noviça Rebelde", vencedor de um total de dez Oscars, a seu elenco. "Boa parte do trabalho de um diretor é feito se ele consegue os atores certos nos papéis certos. Isto não significa que ele não os ajude. Mas, uma vez que pensamos em Julie [Andrews] e Chris [Christopher Plummer], não pensamos em mais ninguém."
Ao todo, Wise teve sete indicações a estatuetas da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Além dos quatros Oscars que ganhou, também teve indicações por "Cidadão Kane" (de 1941, pela montagem), "Quero Viver" (1958, direção) e "O Canhoneiro do Yang-Tsé" (1966, produção). Em 1967, Wise recebeu da Academia o prêmio especial Irving G. Thalberg, pelo conjunto de sua obra.
Wise foi presidente da Academia (1985-1988) e do Directors Guild of America (1971-1975), a associação americana de diretores de cinema.
"A devoção de Bob à arte do cinema e a riqueza de seu conhecimento sobre o que e como fazemos filmes representaram um presente aos seus colegas", declarou Michael Apted, atual presidente do Directors Guild.
Seu último trabalho foi "Nos Telhados de Nova York" (1989).


Com agências internacionais

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