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Filme reproduz dia em que Bobby Kennedy morreu
Com cenas de ficção e imagens de arquivo, "Bobby" tem direção de Emilio Estevez e nomes como Anthony Hopkins e Sharon Stone
EDUARDO SIMÕES
ENVIADO ESPECIAL A TORONTO
Quando Emilio Estevez começou a escrever "Bobby", em
2000, não imaginava que sua
segunda experiência na direção
de um longa-metragem teria
tantos pontos de interseção
com o momento político atual.
Estevez reúne 22 personagens
fictícios que espelham o estado
de espírito político e social dos
Estados Unidos no dia do assassinato do então candidato
democrata à Presidência, o senador Robert F. Kennedy.
Havia a malsucedida guerra
contra o Vietnã, como há hoje a
desastrosa campanha americana no Iraque. E havia conflitos
étnicos (Martin Luther King tinha sido morto apenas dois
meses antes).
"Comecei a escrever o roteiro um ano antes de os ataques
do 11 de Setembro virarem o
mundo de cabeça para baixo.
Infelizmente, o filme se tornou
mais atual com o governo
Bush", disse Estevez em entrevista coletiva concedida em Toronto. "Estamos num momento crítico na civilização, e o filme nos relembra a mensagem
de Bobby, de que todos somos
irmãos e que nosso futuro depende de nós."
Da recepção ao filme
Estevez chorou ao se lembrar
do bloqueio e conseqüente crise pessoal que teve quando,
ainda em 2000, empacou na
30ª página do roteiro. Havia
dez anos que ele estava sem
atuar, esquecido no que chamou de "prisão do cinema". Foi
quando viajou para um pequeno hotel no norte dos Estados
Unidos, e a recepcionista do estabelecimento acabou virando
personagem.
"Ela estava no hotel Ambassador quando Bobby foi assassinado e havia casado com dois
garotos para livrá-los do serviço no Vietnã", contou Estevez,
que criou um personagem inspirado na recepcionista, vivido
pela atriz Lindsay Lohan. "Depois que ela me disse que a
morte de Bobby havia puxado o
tapete da sua geração, consegui
voltar a escrever, e as 30 páginas logo viraram 160."
Misturando ficção e imagens
de arquivo, "Bobby" se passa no
dia 5 de junho de 1968, dia em
que Bobby foi assassinado pelo
jovem de origem palestina Sirhan B. Sirhan, personagem cujas razões não são descritas no
filme ("Ele não merecia aparecer; o que fez foi um insulto à
nossa comunidade", disse Estevez). O pano de fundo é o Hotel
Ambassador, em Los Angeles,
onde Bobby fez seu último discurso e local onde o crime
aconteceu.
Estevez reuniu um elenco estelar para seu filme: Anthony
Hopkins (como um veterano
porteiro do hotel), William H.
Macy (no papel do gerente),
Sharon Stone (dona do salão de
beleza do lugar), Demi Moore
(uma cantora alcoólatra) etc.
Os personagens espelham os
Estados Unidos do fim dos anos
60. Mas o engajamento político
dos atores soa bem atual.
"Matar o mensageiro foi possível. Mas seu sonho de paz
continua", disse Stone. "O que
acho incrível é que o filme retoma um sentimento de esperança num momento tão desesperançoso", completou Moore.
O repórter EDUARDO SIMÕES viajou a convite
do consulado do Canadá em São Paulo
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