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CINEMA
Atriz de "Boogie Nights" interpreta Rollergirl, personagem que só fica nua dos tornozelos para cima
Heather Graham rouba a cena com patins
da enviada especial a Los Angeles
A atriz Heather Graham tinha tudo para ser um bom exemplo de
moça católica.
Criada nos subúrbios de Los Angeles, ela deixou os pais religiosos
e superprotetores determinarem
cada etapa de sua carreira até os 18
anos, fazendo apenas fracas séries
e melosos filmes para televisão.
Com a emancipação legal, no entanto, passou a trabalhar com diretores banidos em lares virtuosos.
O primeiro a reconhecer a sensualidade natural da loira de cabelos encaracolados foi o diretor Gus
Van Sant, que a transformou numa sexy viciada em drogas em
"Drugstore Cowboy".
Em seguida, David Lynch a escolheu para fazer uma espevitada
adolescente em "Twin Peaks".
Mas foi o iniciante Paul Thomas
Anderson quem a convenceu a ficar nua em "Boogie Nights".
Aliás, nua dos tornozelos para
cima, pois sua personagem Rollergirl, faz carreira na indústria de filmes pornô, se recusando a tirar os
patins.
Ela acaba de voltar da Inglaterra
onde passou seis meses filmando
"Perdidos no Espaço" ao lado de
William Hurt e Gary Oldman.
Graham recebeu a Folha, em Los
Angeles.
(AG)
Folha - Há uma cena bastante
violenta em "Boogie Nights" na
qual sua personagem pisoteia o
rosto de um desafeto. Foi difícil filmá-la?
Heather Graham - Foi meio legal de uma certa maneira. Há tantos filmes em que a violência acontece contra as mulheres. É interessante reverter aquele padrão de
perseguição e ameaça. Não há
muitas oportunidades de mulheres agirem assim.
Folha - A crescente violência no
cinema não a incomoda?
Graham - Pessoalmente não
gosto de assistir violência. Mas
gostei de mostrar bravura naquela
situação.
Folha - O que mudou em sua carreira desde a sua adolescência?
Graham - Estou tentando me
divertir sendo uma atriz e desfrutar do processo ao invés de apenas
querer ver o resultado.
Folha - Qual o segredo do sucesso no cinema nos anos 90?
Graham - Acho que você precisa ter uma boa auto-estima e não
perder a confiança quando não
consegue trabalhos que quer. Tem
que tentar se sentir bem consigo
mesma, sem que lhe digam o tempo todo que você é a maior.
Folha - O que a atraiu em "Boogie Nights"?
Graham - É algo novo e diferente numa época de tantas refilmagens.
Folha - A possibilidade de ficar
nua não a assustou?
Graham - Li o roteiro junto
com meu namorado e ele chamou
minha atenção para o fato de que
há mais cenas de sexo num filme
comum. Só apareço nua numa cena de 20 segundos e pelo menos é
feita de maneira artística e criativa.
Acho que é uma escolha pessoal.
Folha - Logo após ficar nua, você
se joga em cima de Mark Wahlberg. O que seu namorado achou?
Graham - Ele se divertiu, achou
engraçado. Acho que qualquer um
acha estranho ver a pessoa que
ama beijando outra pessoa, mas é
meu trabalho e acho que ele entende, pois é um diretor.
Folha - Você não pensa que no
filme as mulheres são mostradas
como objetos?
Graham - Os homens também
são mostrados como objetos, afinal são duas pessoas tendo sexo.
Na indústria pornô, por sinal, as
mulheres são mais poderosas. Recebem cachês mais altos e escolhem os homens com quem vão ter
sexo. Acho que o personagem de
Mark Wahlberg, ele sim, é apenas
um cara com um pênis grande.
Não acho que só as mulheres são
vítimas.
Folha - É verdade que sua família
não aprovou sua participação em
"Boogie Nights"?
Graham - O que você pode fazer? Sou uma pessoa adulta e tomo
minhas próprias decisões. Se eles
acharem difícil assistir o filme, então acho que não têm que ir.
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