São Paulo, quinta, 16 de outubro de 1997.




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O controvertido filme "Boogie Nights", estrelado por Mark Wahlberg -verdadeiro nome do ex-rapper-, mostra os bastidores das produções pornográficas dos anos 70
Pornô faz de Marky Mark astro polêmico

Reprodução
Mark Wahlberg, protagonista de "Boogie Nights", de Paul Anderson


ADRIANE GRAU
enviada especial a Los Angeles

O ex-rapper conhecido como Marky Mark adotou seu verdadeiro nome, Mark Wahlberg, e protagoniza "Boogie Nights", um filme que está causando polêmica nos EUA por abordar os bastidores da indústria dos filmes pornôs na década de 70, um então lucrativo segmento cinematográfico.
Wahlberg interpreta o jovem Eddie Adams, um lavador de pratos que tem sua vida mudada radicalmente quando recebe o convite do diretor Jack Horner (Burt Reynolds) para estrelar filmes pornôs.
Adams muda o nome para Dirk Diggler e chega ao topo da carreira graças ao tamanho exagerado de seu pênis (13 polegadas), revelado no filme apenas na cena final.
"Boogie Nights", dirigido pelo estreante Paul Thomas Anderson, estréia dia 31 deste mês nos EUA.
Como rapper, Wahlberg, 26, fazia mais sucesso como garoto-propaganda da Calvin Klein, em cuja campanha aparecia de cuecas, há cinco anos.
Pouco antes disso, ainda adolescente, ele resolveu abandonar o grupo musical New Kids on the Block, no fim dos anos 80.
Passadas as fases de músico e símbolo sexual, Wahlberg decidiu investir na carreira de ator.
A estratégia funcionou e a crítica aprovou sua atuação ao lado de Leonardo DiCaprio em "Diário de um Adolescente" (1995).
Apaixonado por boxe na vida real, ele está atualmente filmando "Out of My Feet" ao lado de Robert De Niro, em que ambos se enfrentam no ringue.
Caçula entre nove irmãos, dois dos quais atores, ele recebeu a Folha vestindo um terno preto Hugo Boss escolhido por sua mãe.
Tem um terço tatuado no corpo, pois acredita que religião é "uma questão de pele".
Leia a seguir trechos da entrevista, concedida em Los Angeles.

Folha - Por causa da prótese de um pênis muito grande usada na cena final do filme, você não teme reações inesperadas de amantes no futuro?
Mark Wahlberg -
Todo mundo parece muito maior na tela do cinema. O filme estréia em breve, e eu não sou casado. Preciso encontrar alguém logo antes que as expectativas aumentem.
Folha - Você teve contato com pessoas da indústria pornográfica antes das filmagens?
Wahlberg -
Não quis pesquisar muito porque meu personagem é inexperiente, enquanto os outros são veteranos da indústria pornô. Fui com o diretor ver uma gravação de verdade. Foi bom para eu ver como as pessoas trabalham. O ator ficou nervoso com nossa presença e não conseguiu ter uma ereção. Tivemos de deixar o estúdio.
Folha - Assim como tantos adolescentes, por acaso você tentava assistir filmes pornôs?
Wahlberg -
Não, nunca me interessei por esse tipo de coisa. Por isso gostei de conhecer as pessoas que trabalham no meio. Percebi que tinha idéias preconceituosas. Eu os respeito imensamente, mas não me interesso pelo gênero.
Folha - Qual foi a cena mais difícil em "Boogie Nights"?
Wahlberg -
A discussão de meu personagem com a mãe. O diretor não me deu nenhuma instrução, me deixou livre para fazer o que quisesse. Foi muito forte.
Folha - Sua mãe já viu o filme?
Wahlberg -
Sim. Ela é muito conservadora e católica. Sei que ela já vinha escutando a respeito do filme e sabia o que enfrentaria. Agora vai ter de encarar seus amigos em Boston, e todos sabem que ela é muito orgulhosa de seus filhos. Ela chorou durante o filme e cobriu os olhos nos últimos 15 segundos.



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