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ENTRELINHAS
Aliança francesa
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Pé ante pé, chegou à grande
rede uma boa nova para a
expansão das letras nacionais ao
além-mar. O Centre National du
Livre (CNL), órgão do governo
francês, colocou há pouco na internet as diretrizes de um Programa de Ajuda Especial em Favor da Literatura Brasileira.
O erário francês bancará a tradução e edição de 20 títulos brasileiros, escolhidos a partir de
uma lista de mais de 130, em seis
categorias, de ciências sociais a
literatura clássica. Estão lá desde
medalhões, como Sérgio Buarque de Holanda, Graciliano Ramos e Manuel Bandeira, até autores de obra em marcha, caso
dos poetas Rodrigo Garcia Lopes e Alexei Bueno.
De acordo com o pesquisador
da cultura brasileira Michel
Riaudel, destacado pelo CNL
para responder à Folha sobre os
critérios de seleção, a lista "somou diversas propostas, umas
minhas, a maioria da Biblioteca
Nacional (Luciano Trigo)". Trigo, aliás, tem dois livros elencados, um infantil e um de ensaios.
OLHAI OS LÍRIOS DE CAMPOS
Augusto de Campos foi
escolhido o tema do segundo
dossiê da remodelada revista
"Poesia Sempre", da Biblioteca
Nacional. Ele está bem cotado
para o prêmio que a instituição
dará ao melhor livro de 2003 e
é um dos dez finalistas do
prêmio Portugal Telecom de
Literatura Brasileira.
RETRATO DO ARTISTA
Uma nova versão do
monumento "Ulisses", de
James Joyce, deverá aportar
nas livrarias em março do ano
que vem. É o mês em que a
editora Objetiva deverá lançar
a nova tradução, de
Bernardina Pinheiro.
PEDIGREE
Tem tradutores de luxo na
antologia "Contos de Horror",
de Albert Manguel, que a Cia.
de Letras lança em dezembro.
José Arthur Giannotti, por
exemplo, ficou com texto do
francês Léon Bloy. Rubem
Fonseca fez versão de conto do
inglês W.W. Jacobs.
PRIMAVERA-VERÃO
A Primavera do Livro de São
Paulo terá este ano pela
primeira vez um ciclo de filmes
inspirados em literatura
brasileira. Outra novidade:
pela primeira vez o evento, que
acontece no CCSP de 4 a 7 de
novembro, terá um patrono.
COMISSÃO DE FRENTE
Não foi nenhum escritor o
convidado para reinaugurar
uma grande loja de uma das
maiores redes de livrarias do
país, a Nobel. A modelo Mari
Alexandre abriu a loja do
shopping Frei Caneca (SP)
autografando revistas "Sexy",
com fotos suas ao natural.
FORA DA ESTANTE
Qualquer repórter que se
aventura no papel jornal
corre o risco de ver seus escritos usados para fins menos ortodoxos que o da leitura. Se a maior parte deles
(este colunista incluído) não
tem muito do que se queixar
ao topar com uma de suas
reportagens forrando gaiolas ou na clássica função de
embrulhar pescados alguns
poucos mereciam epílogo
mais nobre. Marcos Faerman (1949-1999) é um deles.
Uma das melhores encarnações brasileiras do chamado
"new journalism", o repórter (depois professor) conseguiu nas páginas do "Jornal
da Tarde" dos anos 70 e, sobretudo, no combativo
"Versus", que ele mesmo
criou, uma qualidade de texto que vai milhas além do
"quem, o quê, quando, onde, como" que apregoam as
faculdades: reportagens
cheias de som e de fúria. Em
tempos de resgate de Gay
Talese, Truman Capote e outros nomes do "jornalismo
literário", o repórter gaúcho
(que teve pouco mais do que
a esgotadíssima coletânea
"Com as Mãos Sujas de Sangue" publicada em livro)
merecia seu lugar na estante
-longe de gaiolas e peixes.
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