São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 2000

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Festival confirma lugar de Recife no calendário nacional de teatro

Lenise Pinheiro/Folha Imagem
Bete Coelho é Cacilda Becker em "Cacilda!!!, que está no festival


VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A capital de Pernambuco também quer fixar seu nome no calendário dos principais eventos das artes cênicas no país.
O 3º Festival Recife do Teatro Nacional, que abre hoje, demonstra vocação para "concorrer" à altura com Curitiba, Belo Horizonte e Porto Alegre, capitais que catalisam atenção com os principais eventos do gênero.
Concorre menos pela verba (o orçamento é de R$ 500 mil) e mais pela reunião de espetáculos que, em sua maioria, foram apresentados nas praças acima.
Entre as 15 peças, três locais e 12 de outros Estados, cita-se a premiada "Cacilda!!!" (98), de José Celso Martinez e grupo Oficina Uzyna Uzona, remontada especialmente para o festival, com Bete Coelho no papel protagonista de Cacilda Becker (1912-99).
A programação (leia ao lado) segue com o monólogo paulista "Anjo Duro", de Luiz Valcazaras, com Berta Zemel; a versão da carioca Cia. dos Atores para "O Rei da Vela", assinada por Enrique Diaz; e "A Vida É Cheia de Som e Fúria", com a paranaense Sutil Cia. de Teatro, adaptação de Felipe Hirsh para o livro "Alta Fidelidade", do britânico Nick Hornby.
O grupo Tapa leva os dois ícones da dramaturgia brasileira, Nelson Rodrigues ("A Serpente") e Plínio Marcos ("Navalha na Carne"), ambas as peças dirigidas por Eduardo Tolentino de Araújo. O Folias D'Arte encena "Happy End", de Elizabeth Hauptmann, montagem assinada por Marco Antônio Rodrigues. E a Cia. do Latão, de Sérgio de Carvalho e Márcio Marciano, apresenta "A Comédia do Trabalho", uma criação coletiva.
A abertura, hoje, será feita pelo grupo Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP), com o espetáculo "Um Sábado em 30", encenado desde os anos 70.
O diretor artístico do festival, Romildo Moreira, 45, diz que a curadoria se pauta pela "excelência artística", medida pela recepção das peças, locais ou alhures, junto ao público e à crítica.
As edições de 97 e 98 (saltou-se 99 para, segundo Moreira, destinar a verba para a reforma do teatro Santa Isabel, fundado há 150 anos) serviram para "formar e informar" o espectador da cidade, na avaliação do diretor artístico (contribui para isso o preço único dos ingressos, R$ 5; estima-se um público de 30 mil pessoas).
Surgiram grupos mais acurados na pesquisa de linguagem cênica, "sem o vício do besteirol". Moreira cita, como exemplo, o Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas, que montou "Auto das Portas do Céu", dirigida por Elisa Toledo, selecionada para o projeto Balaio Brasil, do Sesc-SP.
Recife dedica o festival deste ano ao centenário de nascimento do homem que fundou o teatro amador local, o ator e diretor pernambucano Valdemar de Oliveira (1900-1976). Sua trajetória será tema de seminário coordenado pelo pesquisador teatral Antônio Cadengue.


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