São Paulo, sexta-feira, 16 de novembro de 2007

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Benny Goodman é tema da Coleção Folha

DA REPORTAGEM LOCAL

"Ele provou que música boa poderia atingir o grande público. Foi a figura mais popular na história do jazz que atingiu um público de suas áreas. Ele foi os Beatles de sua época." Nesses termos, o produtor George Wein definiu o clarinetista Benny Goodman, tema do volume 9 da Coleção Folha Clássicos do Jazz, que chega às bancas no domingo.
Com 18 faixas, o CD abrange duas décadas da carreira de Benjamin David Goodman (1909-1986), mostrando o "Rei do Swing" ao lado de instrumentistas como Teddy Wilson (piano), Benny Carter (sax alto) e Fats Navarro (trompete).
A seleção vai desde "Sing, Sing, Sing" (Louis Prima) até a lírica "You're Blase" (que guarda curiosa semelhança com "Acontece", de Cartola), passando pelo virtuosismo de "Dizzy Fingers" e uma incursão pelo bebop: "Stealin'Apples".
Nono filho dos 12 de imigrantes judeus de Chicago, Goodman não teve a mais fácil das infâncias. "A julgar pela vizinhança onde vivíamos, não fosse pelo clarinete, eu teria facilmente me tornado um gângster", disse o músico, em 1975.
"Eu me lembro que moramos em um porão sem aquecimento no inverno, e algumas vezes não havia o que comer."
Tendo recebido sua educação musical na banda da sinagoga que freqüentava, Benny rapidamente se destacou pelo virtuosismo, montando, nos anos 1930, uma das mais populares big bands dos EUA.
Em uma época em que o país estava marcado pela segregação racial (as leis de Jim Cross, que vigoraram entre 1876 e 1965 em Estados do sul do país, exigiam a separação de negros e brancos em lugares públicos), o clarinetista teve a atitude pioneira de colocar músicos de diferentes origens étnicas para tocarem juntos.
"O que ele fez naqueles dias, em 1937, tornou possível para os negros terem chance no beisebol e outros campos", disse o vibrafonista negro Lionel Hampton, que tocou com Goodman em um quarteto sofisticado, que tinha Teddy Wilson (também negro) e o baterista branco Gene Krupa.
Aos 40 anos, Benny encarou o desafio de estudar clarinete erudito. Foi um arraso: logo se tornou, também, um nome de destaque nessa área, tendo gravado Mozart, Brahms e Debussy, e encomendado peças a Bela Bartok e Aaron Copland.


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