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Benny Goodman é tema da Coleção Folha
DA REPORTAGEM LOCAL
"Ele provou que música boa
poderia atingir o grande público. Foi a figura mais popular na
história do jazz que atingiu um
público de suas áreas. Ele foi os
Beatles de sua época." Nesses
termos, o produtor George
Wein definiu o clarinetista
Benny Goodman, tema do volume 9 da Coleção Folha Clássicos do Jazz, que chega às bancas no domingo.
Com 18 faixas, o CD abrange
duas décadas da carreira de
Benjamin David Goodman
(1909-1986), mostrando o "Rei
do Swing" ao lado de instrumentistas como Teddy Wilson
(piano), Benny Carter (sax alto)
e Fats Navarro (trompete).
A seleção vai desde "Sing,
Sing, Sing" (Louis Prima) até a
lírica "You're Blase" (que guarda curiosa semelhança com
"Acontece", de Cartola), passando pelo virtuosismo de
"Dizzy Fingers" e uma incursão
pelo bebop: "Stealin'Apples".
Nono filho dos 12 de imigrantes judeus de Chicago, Goodman não teve a mais fácil das
infâncias. "A julgar pela vizinhança onde vivíamos, não fosse pelo clarinete, eu teria facilmente me tornado um gângster", disse o músico, em 1975.
"Eu me lembro que moramos
em um porão sem aquecimento
no inverno, e algumas vezes
não havia o que comer."
Tendo recebido sua educação musical na banda da sinagoga que freqüentava, Benny
rapidamente se destacou pelo
virtuosismo, montando, nos
anos 1930, uma das mais populares big bands dos EUA.
Em uma época em que o país
estava marcado pela segregação racial (as leis de Jim Cross,
que vigoraram entre 1876 e
1965 em Estados do sul do país,
exigiam a separação de negros e
brancos em lugares públicos), o
clarinetista teve a atitude pioneira de colocar músicos de diferentes origens étnicas para
tocarem juntos.
"O que ele fez naqueles dias,
em 1937, tornou possível para
os negros terem chance no beisebol e outros campos", disse o
vibrafonista negro Lionel
Hampton, que tocou com
Goodman em um quarteto sofisticado, que tinha Teddy Wilson (também negro) e o baterista branco Gene Krupa.
Aos 40 anos, Benny encarou
o desafio de estudar clarinete
erudito. Foi um arraso: logo se
tornou, também, um nome de
destaque nessa área, tendo gravado Mozart, Brahms e Debussy, e encomendado peças a
Bela Bartok e Aaron Copland.
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