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DA RUA
Invasão de domicílio
FERNANDO BONASSI
Ao chegar de viagem, M.
abriu a porta para ver que não
foi deixada gaveta sobre gaveta em seu apartamento. Os assaltantes ainda cozinharam,
rasgaram o sofá, estilhaçaram
bibelôs, espalharam vestidos,
pijamas, lingerie e riscaram
palavrões nas paredes com
dedos encardidos de sabe-se-lá-o-quê. No quarto, sobre o
colchão nu, uma poça de urina. M. deu queixa e foi prontamente atendida. Vieram
polícia e perícia, dizendo conhecer o estilo, saber quem
foi e que em breve ela teria
boas notícias. A última coisa
que M. quer saber, no entanto, é quem fez aquilo. Nada de
valor foi roubado e não há nada a recuperar... exceto, talvez, essas suas intimidades,
que PMs e vizinhos vêem
agora atiradas de forma obscena pelo chão.
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