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POLÍTICA CULTURAL
Personalidades ouvidas pela Folha disseram desconhecer Marco Aurélio Garcia, que assume a Cultura de SP
Indicação de secretário causa surpresa
DA REPORTAGEM LOCAL
A escolha do novo secretário
municipal de Cultura, Marco Aurélio Garcia, 59, pegou o meio cultural de surpresa. O nome do professor de história da Unicamp
(leia texto abaixo), anunciado ontem pela prefeita eleita de São
Paulo, Marta Suplicy (PT), foi recebido com perguntas como
"quem é esse?" por personalidades ouvidas pela Folha.
"Não posso dizer nada, porque
não sei quem é ele. Só posso desejar que trate a questão da cultura
com a sensibilidade que ela necessita", disse Emanoel Araújo, diretor da Pinacoteca do Estado de
São Paulo e um dos nomes cotados para assumir a pasta.
Outros "secretariáveis" também manifestaram surpresa com
a indicação. O jornalista Roberto
Muylaert, ex-presidente das fundações Padre Anchieta e Bienal de
São Paulo, declarou: "Eu não o conheço, mas acho justo que a pessoa escolhida seja um intelectual e
tenha tradição no PT".
Marco Caruso, diretor teatral e
dramaturgo, que também esteve
nas listas especulativas, disse que
ainda é cedo para falar sobre o novo secretário. "Não o conheço. Seria leviano falar a respeito. Não é
alguém da área cultural, vou conhecê-lo melhor agora", disse.
Essa foi também a posição de
José Mindlin, empresário, bibliófilo e ex-secretário de Cultura de
São Paulo. "Não o conheço pessoalmente, mas tenho ouvido
boas referências. Só quando ele
apresentar um programa é que
saberemos."
Assim como Mindlin, o cineasta
Ugo Giorgetti achou que Garcia
merece um "voto de confiança".
"Realmente não o conheço. Torço
para que seja bom para a cultura."
O futuro secretario de Cultura
também recebeu alguns elogios.
Danilo Santos Miranda, diretor
regional do Serviço Social do Comércio (Sesc-SP), disse ter "gostado da idéia". "Ele é uma pessoa
com perfil adequado pela sua formação, pela experiência. Ele é
ponderado e disposto a visões
abrangentes."
Outras reações positivas vieram
do âmbito acadêmico. Maria Victoria Benevides, cientista política,
professora da Universidade de
São Paulo, ressaltou a ligação de
Garcia com os assuntos culturais.
"Além de ser um intelectual e um
político, ele é essencialmente um
homem da cultura. O que é um
contraponto ao descalabro do governo FHC."
Colega do professor na Unicamp, o cientista político Leôncio
Martins Rodrigues também reagiu positivamente. "É um intelectual de valor, um profundo conhecedor da história dos movimentos e das idéias socialistas e
um adversário das concepções totalitárias comunistas. É uma pessoa aberta para o mundo, bem informada e muito cultivada", opinou o professor da Unicamp.
Setores da área teatral ouvidos
pela Folha também foram favoráveis à escolha de Garcia, apesar da
surpresa que ela causou. "Ele é
um nome importantíssimo", disse José Celso Martinez Corrêa, diretor do Teatro Oficina. "Foi uma
escolha inesperada, pois nós do
teatro e do cinema torcíamos pelo
ator Sérgio Mamberti."
(VALMIR SANTOS, SILVANA ARANTES, CASSIANO
ELEK MACHADO E FABIO CYPRIANO)
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