São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 2000

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POLÍTICA CULTURAL
Personalidades ouvidas pela Folha disseram desconhecer Marco Aurélio Garcia, que assume a Cultura de SP

Indicação de secretário causa surpresa


DA REPORTAGEM LOCAL

A escolha do novo secretário municipal de Cultura, Marco Aurélio Garcia, 59, pegou o meio cultural de surpresa. O nome do professor de história da Unicamp (leia texto abaixo), anunciado ontem pela prefeita eleita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), foi recebido com perguntas como "quem é esse?" por personalidades ouvidas pela Folha.
"Não posso dizer nada, porque não sei quem é ele. Só posso desejar que trate a questão da cultura com a sensibilidade que ela necessita", disse Emanoel Araújo, diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo e um dos nomes cotados para assumir a pasta.
Outros "secretariáveis" também manifestaram surpresa com a indicação. O jornalista Roberto Muylaert, ex-presidente das fundações Padre Anchieta e Bienal de São Paulo, declarou: "Eu não o conheço, mas acho justo que a pessoa escolhida seja um intelectual e tenha tradição no PT".
Marco Caruso, diretor teatral e dramaturgo, que também esteve nas listas especulativas, disse que ainda é cedo para falar sobre o novo secretário. "Não o conheço. Seria leviano falar a respeito. Não é alguém da área cultural, vou conhecê-lo melhor agora", disse.
Essa foi também a posição de José Mindlin, empresário, bibliófilo e ex-secretário de Cultura de São Paulo. "Não o conheço pessoalmente, mas tenho ouvido boas referências. Só quando ele apresentar um programa é que saberemos."
Assim como Mindlin, o cineasta Ugo Giorgetti achou que Garcia merece um "voto de confiança". "Realmente não o conheço. Torço para que seja bom para a cultura."
O futuro secretario de Cultura também recebeu alguns elogios.
Danilo Santos Miranda, diretor regional do Serviço Social do Comércio (Sesc-SP), disse ter "gostado da idéia". "Ele é uma pessoa com perfil adequado pela sua formação, pela experiência. Ele é ponderado e disposto a visões abrangentes."
Outras reações positivas vieram do âmbito acadêmico. Maria Victoria Benevides, cientista política, professora da Universidade de São Paulo, ressaltou a ligação de Garcia com os assuntos culturais. "Além de ser um intelectual e um político, ele é essencialmente um homem da cultura. O que é um contraponto ao descalabro do governo FHC."
Colega do professor na Unicamp, o cientista político Leôncio Martins Rodrigues também reagiu positivamente. "É um intelectual de valor, um profundo conhecedor da história dos movimentos e das idéias socialistas e um adversário das concepções totalitárias comunistas. É uma pessoa aberta para o mundo, bem informada e muito cultivada", opinou o professor da Unicamp.
Setores da área teatral ouvidos pela Folha também foram favoráveis à escolha de Garcia, apesar da surpresa que ela causou. "Ele é um nome importantíssimo", disse José Celso Martinez Corrêa, diretor do Teatro Oficina. "Foi uma escolha inesperada, pois nós do teatro e do cinema torcíamos pelo ator Sérgio Mamberti." (VALMIR SANTOS, SILVANA ARANTES, CASSIANO ELEK MACHADO E FABIO CYPRIANO)


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