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MÚSICA
Fusão de empresas domina 23% do mercado fonográfico do planeta
Universal e PolyGram se unem na maior gravadora do mundo
IVAN FINOTTI
da Reportagem Local
Acaba de ser criada a maior gravadora do mundo. Desde quinta-feira passada, a Universal Music e a
PolyGram estão sendo fundidas
em escala mundial. Agora, a Universal-PolyGram detém 23% do
mercado fonográfico do planeta.
A nova gravadora chega, entretanto, demitindo 20% de seu quadro de funcionários. Do total de 15
mil, cerca de 3.000 funcionários estão sendo descartados.
A maioria das demissões deve
ocorrer no país-sede da gravadora
PolyGram, a Holanda, mas o Brasil
também será atingido. A começar
pelo presidente local da Universal,
Paulo Rosa, 42. "Não me foi oferecido nenhum cargo na nova empresa", afirmou ontem.
Quem assume a presidência da
Universal-PolyGram no Brasil é o
atual presidente da PolyGram,
Marcelo Castello Branco, 38. Segundo ele, a fusão "não representará mudanças significativas e serão feitos apenas pequenos ajustes
administrativos".
A empresa que uniu as gravadoras é a canadense Seagram, que fabrica há sete décadas bebidas como o uísque Chivas Regal e a vodca
Absolut. Há dois anos, a Seagram
comprou a Universal Studios (e,
com ela, a Universal Music) por
US$ 5,7 bilhões.
Há dez dias, após um ano de negociações, a canadense terminou
de comprar da holandesa Philips
todas as ações da PolyGram, a um
custo de US$ 10 bilhões.
A compra mudou a configuração
do mercado fonográfico. O velho
"Big Six" (as seis maiores gravadoras do mundo: Sony, Warner, EMI,
BMG, Polygram e Universal) se
transforma num "Big Five".
A fusão das duas empresas está
sendo feita de forma diferente em
cada país, dependendo da participação de cada gravadora no mercado local.
No Brasil, a Polygram assumiu a
chefia porque detinha 25% do
mercado nacional, enquanto a
Universal, há apenas três anos no
país, possuía 4%. Na Espanha e na
Austrália, por exemplo, está ocorrendo o inverso.
O presidente Marcelo Castello
Branco assume oficialmente a presidência do grupo em 1º de janeiro.
Ontem, ele esteve reunido por toda
a manhã com funcionários das
duas empresas.
Não se sabe ainda se haverá mais
demissões. A PolyGram brasileira
tem atualmente 170 funcionários.
A Universal, 75.
O nome do novo grupo será Universal-PolyGram até abril de 99. A
partir de então, se tornará Universal Music Group. O nome "PolyGram" será usado apenas pela
PolyGram Filmes, estúdio europeu
que não foi comprado pela Seagram -e que produziu "Quatro
Casamentos e Um Funeral" e
"Nell", por exemplo.
Alguns dos artistas que agora fazem parte da Universal são U2,
Cardigans, Elton John, padre Marcelo Rossi, É o Tchan (todos ex-PolyGram), além de Beck, Marilyn
Manson, Claudinho e Buchecha
(que já eram da Universal).
"O novo Universal Music Group
terá mais repertório, menos custos, mais lucro e melhores margens", afirmou Doug Morris, presidente mundial da Universal.
"Nós também estamos criando
uma cultura em que os executivos
desejarão trabalhar conosco e os
artistas vão querer gravar com a
gente", disse Morris.
Ainda não se sabe se haverá cortes de bandas e artistas contratados das duas gravadoras.
²
"Sempre universal"
Caetano Veloso é o primeiro artista do mundo, segundo o presidente Marcelo Castello Branco, a
assinar a renovação de contrato
com a nova Universal.
"Eu sempre fui universal", disse
o artista ao explicar que "nada muda" com a fusão. Caetano, que assinou anteontem contrato para quatro novos CDs, foi da PolyGram
por 33 anos.
Ele não quis falar sobre os valores que envolveram a renovação de
seu contrato. "Não estou muito
preocupado com isso. Eles sempre
acham que eu vou vender mais do
que eu sei que vou vender. Mas nada que não possa ser conversado",
disse.
Caetano brindou o primeiro
contrato da Universal Music
Group com champanhe, mas
preferiu beber coca-cola, porque, para ele, "coca-cola é muito melhor do que champanhe".
²
Com
Anna Lee, da Sucursal do Rio, e agências internacionais.
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