São Paulo, quarta, 16 de dezembro de 1998

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MÚSICA
Fusão de empresas domina 23% do mercado fonográfico do planeta
Universal e PolyGram se unem na maior gravadora do mundo




IVAN FINOTTI
da Reportagem Local

Acaba de ser criada a maior gravadora do mundo. Desde quinta-feira passada, a Universal Music e a PolyGram estão sendo fundidas em escala mundial. Agora, a Universal-PolyGram detém 23% do mercado fonográfico do planeta.
A nova gravadora chega, entretanto, demitindo 20% de seu quadro de funcionários. Do total de 15 mil, cerca de 3.000 funcionários estão sendo descartados.
A maioria das demissões deve ocorrer no país-sede da gravadora PolyGram, a Holanda, mas o Brasil também será atingido. A começar pelo presidente local da Universal, Paulo Rosa, 42. "Não me foi oferecido nenhum cargo na nova empresa", afirmou ontem.
Quem assume a presidência da Universal-PolyGram no Brasil é o atual presidente da PolyGram, Marcelo Castello Branco, 38. Segundo ele, a fusão "não representará mudanças significativas e serão feitos apenas pequenos ajustes administrativos".
A empresa que uniu as gravadoras é a canadense Seagram, que fabrica há sete décadas bebidas como o uísque Chivas Regal e a vodca Absolut. Há dois anos, a Seagram comprou a Universal Studios (e, com ela, a Universal Music) por US$ 5,7 bilhões.
Há dez dias, após um ano de negociações, a canadense terminou de comprar da holandesa Philips todas as ações da PolyGram, a um custo de US$ 10 bilhões.
A compra mudou a configuração do mercado fonográfico. O velho "Big Six" (as seis maiores gravadoras do mundo: Sony, Warner, EMI, BMG, Polygram e Universal) se transforma num "Big Five".
A fusão das duas empresas está sendo feita de forma diferente em cada país, dependendo da participação de cada gravadora no mercado local.
No Brasil, a Polygram assumiu a chefia porque detinha 25% do mercado nacional, enquanto a Universal, há apenas três anos no país, possuía 4%. Na Espanha e na Austrália, por exemplo, está ocorrendo o inverso.
O presidente Marcelo Castello Branco assume oficialmente a presidência do grupo em 1º de janeiro. Ontem, ele esteve reunido por toda a manhã com funcionários das duas empresas.
Não se sabe ainda se haverá mais demissões. A PolyGram brasileira tem atualmente 170 funcionários. A Universal, 75.
O nome do novo grupo será Universal-PolyGram até abril de 99. A partir de então, se tornará Universal Music Group. O nome "PolyGram" será usado apenas pela PolyGram Filmes, estúdio europeu que não foi comprado pela Seagram -e que produziu "Quatro Casamentos e Um Funeral" e "Nell", por exemplo.
Alguns dos artistas que agora fazem parte da Universal são U2, Cardigans, Elton John, padre Marcelo Rossi, É o Tchan (todos ex-PolyGram), além de Beck, Marilyn Manson, Claudinho e Buchecha (que já eram da Universal).
"O novo Universal Music Group terá mais repertório, menos custos, mais lucro e melhores margens", afirmou Doug Morris, presidente mundial da Universal.
"Nós também estamos criando uma cultura em que os executivos desejarão trabalhar conosco e os artistas vão querer gravar com a gente", disse Morris.
Ainda não se sabe se haverá cortes de bandas e artistas contratados das duas gravadoras.
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"Sempre universal"

Caetano Veloso é o primeiro artista do mundo, segundo o presidente Marcelo Castello Branco, a assinar a renovação de contrato com a nova Universal.
"Eu sempre fui universal", disse o artista ao explicar que "nada muda" com a fusão. Caetano, que assinou anteontem contrato para quatro novos CDs, foi da PolyGram por 33 anos.
Ele não quis falar sobre os valores que envolveram a renovação de seu contrato. "Não estou muito preocupado com isso. Eles sempre acham que eu vou vender mais do que eu sei que vou vender. Mas nada que não possa ser conversado", disse.
Caetano brindou o primeiro contrato da Universal Music Group com champanhe, mas preferiu beber coca-cola, porque, para ele, "coca-cola é muito melhor do que champanhe".
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Com Anna Lee, da Sucursal do Rio, e agências internacionais.



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