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São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 2003

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O contra-ataque

Leonardo Colosso -18.out.98/Folha Imagem
3D canta em show do Massive Attack em SP, no Free Jazz de 1998



A cultuada Massive Attack lança CD depois de quase cinco anos; a Folha adianta como é o disco, que chega às lojas em fevereiro


LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

A cena pop já vai poder sair do transe causado por "Mezzanine", álbum lançado pelo cultuado grupo inglês Massive Attack em 1998.
Quase cinco anos depois, a hipnose entra em novo estágio no próximo dia 10 de fevereiro, quando chega às lojas "100th Window", o quinto CD da banda que hoje é de responsabilidade de um homem só.
A EMI/Virgin brasileira acompanha o lançamento mundial de "100th Window" de forma relativa. O disco ganha edição nacional também no mês que vem, mas o dia 10 não é garantido.
A Folha teve acesso a uma cópia do disco, que também já circula em alta velocidade pela internet, e adianta como soa um dos CDs mais esperados do pop nos últimos anos.
Influente banda de Bristol, praticante do chamado trip hop, hipnotizante som que mescla eletrônica, dance e rap, o Massive Attack regressa ao cenário com um terço de sua formação.
Dos fundadores da banda, sobrou só o artista gráfico, rapper e cantor atuante Robert Del Naja, conhecido também como 3D.
Mas isso não desemboca em queda de qualidade do grupo. O Massive Attack sempre brilhou também pelos convidados de peso que já enfeitaram seu som.
Tricky, Tracey Thorn (Everything But the Girl), Liz Fraser (Cocteau Twins) são alguns dos que já vestiram a camisa desse time sonoro de Bristol.
Em "100th Window", os vocais sobre som etéreo de batidas secas e guitarras viajantes têm a assinatura do próprio 3D, do sempre colaborador Horacy Andy e da grande surpresa do disco, a irlandesa Sinéad O'Connor, que dá o tom feminino sofrido ao álbum.
Consta que Damon Albarn, líder do Blur e do Gorillaz, amigo de 3D, participou do CD. Mas não se sabe onde, pois não está creditado no encarte do álbum.
Entenda como quiser, o título "100th Window" vem do livro homônimo de Charles Jennings e Lori Fena, que versa sobre invasões, por meios eletrônicos, da privacidade individual.
"100th Window" consegue ser mais viajante que o último trabalho do grupo, o famoso "Mezzanine". Por culpa própria da capacidade de o Massive Attack construir músicas marcantes, inesquecíveis, este novo CD pode desapontar às primeiras ouvidas, pela falta de canções que de imediato grudem na orelha.
Isso está longe de significar que "100th Window" não tenha uma beleza expressiva. O disco cresce e cresce a cada audição.
E, diferentemente do que o nome agressivo Massive Attack possa sugerir, o rapper 3D vai usar este "100th Window" como uma arma para a paz.
Ao acessar o site oficial do grupo, www.massiveattack.com, uma bandeira contra a invasão americana ao Iraque salta de imediato aos olhos.
3D, que no ano passado chegou a pagar do próprio bolso anúncios contrários à iminente guerra em publicações musicais, planeja com o amigo Damon Albarn atos políticos para protestar contra a pendenga EUA-Iraque.
O Massive Attack vai usar propaganda antibélica na esperada turnê britânica e européia, que ocupará abril e maio. Depois, tem marcados seus shows politizados nos... EUA.


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