São Paulo, segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
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CRÍTICA DRAMATURGIA Autor de "Passione" usa velhos recursos de forma magistral e sacoleja audiência ROBERTO DE OLIVEIRA DE SÃO PAULO Silvio de Abreu é um cara sapeca. O autor conseguiu, outra vez, desmontar aquela surrada ladainha de que novela segue um caminho sem volta, ladeira abaixo. Sacou das mesmas armas exploradas em tramas anteriores, como a velha "quem matou?" -que ganhou fama lá nos anos 1980 com a hoje clássica "Vale Tudo". A estratégia é manjada: utilizar o recurso seguido pela revelação do assassino no final da novela, mas Silvio o fez com maestria. (Vamos esquecer bobagens como "o segredo de Gerson", ok?) Fato é que "Passione" sacolejou a audiência. Fez mais. Da quitanda à academia, do Twitter ao YouTube, a novela foi um dos assuntos mais comentados nos últimos meses. Aos 68 anos, os holofotes se viram para ele, Silvio de Abreu. É verdade que, depois de um começo ágil, cinematográfico até, a trama patinou na metade do percurso. Coisa de novela. A insossa Diana (interpretada pela também insossa Carolina Dieckmann) não vingou como mocinha. Silvio tratou de mandá-la para o cemitério da Consolação. O problema é que demorou para fazer isso. Nem o apelido de cachorro fofo salvou Totó, o herói que assumiu a carapuça de chifrudo. Quem sabe seu assassinato não seria nossa redenção? Que nada, não demorou e o o homem estava de volta. Mas que ideia dos infernos foi aquela de ressuscitá-lo, Silvio? Totó "flopou" na primeira e na segunda vida. Esperto, Silvio de Abreu tratou logo de colocar o trem nos trilhos, com a ajuda competente da diretora Denise Saraceni. Não pouparam investimentos em sequências bem feitas e editadas. Rápidas, como um videoclipe. Não dá para ignorar o núcleo humorístico, espécie de pornochanchada anos 2000, marca do autor. Mimoso, Pitchuquinha e Jéssica (Gabriela Duarte, memorável), sem contar a hilária empregada, estavam sempre ali para mandar aquela perversidade toda para os infernos. Mas, justiça seja feita, "Passione" foi mesmo da malvada Clara, a neta da "velha porca". Nos minutinhos finais, só faltou Mariana Ximenes dar uma banana para o telespectador. Que venha agora o "enfant terrible" Gilberto Braga. PASSIONE AVALIAÇÃO ótimo Texto Anterior: Última Moda - Vivian Whiteman: Inversão térmica Próximo Texto: Luiz Felipe Pondé: "Além da vida" Índice | Comunicar Erros |
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