São Paulo, sábado, 17 de fevereiro de 2001

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Lang e Daryl K levam atenção ao Chelsea, em NY

ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK

Dois importantes desfiles realizados no bairro de Chelsea concentraram a atenção dos fashionistas na quinta-feira em Nova York. Logo no início da tarde, o austríaco Helmut Lang fez todo mundo se deslocar para um galpão, onde ele armou seu habitual labirinto na passarela.
Depois de ter evocado explicitamente a linguagem de moda do tunisiano Azzedinne Alaia (e de ter detonado a onda de "citações" que respingou também no Brasil) em seu último verão, para o inverno 2001, Lang olha para o próprio umbigo e faz curiosa releitura de si mesmo. Ao rever fundamentos de seu estilo, Lang nos provoca um leve dèjà vu e, simultaneamente, inicia o revivalismo dos anos 90. Impassíveis, vemos a passagem do tempo diante de nossos olhos, enquanto Alek Wek abre o desfile, toda de preto, com um blazer com decote em V.
Mais e mais casacos secos e pretos, indefectíveis regatas languianas com braceletes, blusas com tiras soltas em relevo, tiras de smoking decorando calças e blusas de tule. Há novidades, claro -foi sempre sobre o silencioso minimalismo que Lang fez suas revoluções. Para suprir o gosto da hora, estão as microbolsas quase do tamanho da mão; a bolsa redonda, em forma de coco, de alças longas; a botinha com fendas laterais de salto reto, anguloso.
Nas roupas, o preto dá lugar ao cinza claro, e os paletós em tweed acompanham a história. Saias com musselina em forma de envelope emprestam romantismo, substituídas depois por zilhões de calças retas, usadas com botinhas e escarpins pontudos.
Tubinhos pretos, sem manga, pelo meio da coxa, se prestam ao uso com as botas de cano longo, amplas, daquelas que se alguma mulher usasse na rua hoje seria olhada torto. E Lang propõe ainda as stockings boots, numa coleção fortalecida pelos acessórios.
Também como acessório fica a tira de couro usada sobre vestidos e paletós, como um porta-arma, mas revestido de pele. Romantismo duro, como gosta o estilista, completado por grandes mantôs militares. Um vestido de uma manga só, longo, dramático, pontua a coleção, antes do final com vestidos com casinha de abelha em preto nos seios, em preto, branco e champanhe.
Mais agressiva e mais forte foi a coleção da irlandesa Daryl Kerrigan para sua marca Daryl K. Ela levou o fashion people para o lado e para cima, num desfile no 15º andar de um prédio quase nos piers, com estonteante vista para Wall Street. À noite, foi um espetáculo tão impressionante quanto os perigosos vestidinhos e minissaias da estilista, usados com meias-calças vermelhas e botinhas bicolores abertas na frente com salto alto e bico pontudo. O look era uma espécie de Daniel Boone vira mod com anos 80 e jaquetinhas eduardianas, deixando os fashionistas com a pulga atrás da orelha -até que enfim, aqui em Nova York, numa temporada quase previsível.
O que não foi nada divertido foi a descida daquelas 500 pessoas neuróticas dali, em elevadores que cabiam no máximo 20 pessoas. A semana da moda tem dessas coisas.


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