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Lang e Daryl K levam atenção ao Chelsea, em NY
ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK
Dois importantes desfiles realizados no bairro de Chelsea concentraram a atenção dos fashionistas na quinta-feira em Nova
York. Logo no início da tarde, o
austríaco Helmut Lang fez todo
mundo se deslocar para um galpão, onde ele armou seu habitual
labirinto na passarela.
Depois de ter evocado explicitamente a linguagem de moda do
tunisiano Azzedinne Alaia (e de
ter detonado a onda de "citações"
que respingou também no Brasil)
em seu último verão, para o inverno 2001, Lang olha para o próprio
umbigo e faz curiosa releitura de
si mesmo. Ao rever fundamentos
de seu estilo, Lang nos provoca
um leve dèjà vu e, simultaneamente, inicia o revivalismo dos
anos 90. Impassíveis, vemos a
passagem do tempo diante de
nossos olhos, enquanto Alek Wek
abre o desfile, toda de preto, com
um blazer com decote em V.
Mais e mais casacos secos e pretos, indefectíveis regatas languianas com braceletes, blusas com tiras soltas em relevo, tiras de smoking decorando calças e blusas de
tule. Há novidades, claro -foi
sempre sobre o silencioso minimalismo que Lang fez suas revoluções. Para suprir o gosto da hora, estão as microbolsas quase do
tamanho da mão; a bolsa redonda, em forma de coco, de alças
longas; a botinha com fendas laterais de salto reto, anguloso.
Nas roupas, o preto dá lugar ao
cinza claro, e os paletós em tweed
acompanham a história. Saias
com musselina em forma de envelope emprestam romantismo,
substituídas depois por zilhões de
calças retas, usadas com botinhas
e escarpins pontudos.
Tubinhos pretos, sem manga,
pelo meio da coxa, se prestam ao
uso com as botas de cano longo,
amplas, daquelas que se alguma
mulher usasse na rua hoje seria
olhada torto. E Lang propõe ainda
as stockings boots, numa coleção
fortalecida pelos acessórios.
Também como acessório fica a
tira de couro usada sobre vestidos
e paletós, como um porta-arma,
mas revestido de pele. Romantismo duro, como gosta o estilista,
completado por grandes mantôs
militares. Um vestido de uma
manga só, longo, dramático, pontua a coleção, antes do final com
vestidos com casinha de abelha
em preto nos seios, em preto,
branco e champanhe.
Mais agressiva e mais forte foi a
coleção da irlandesa Daryl Kerrigan para sua marca Daryl K. Ela
levou o fashion people para o lado
e para cima, num desfile no 15º
andar de um prédio quase nos
piers, com estonteante vista para
Wall Street. À noite, foi um espetáculo tão impressionante quanto
os perigosos vestidinhos e minissaias da estilista, usados com
meias-calças vermelhas e botinhas bicolores abertas na frente
com salto alto e bico pontudo. O
look era uma espécie de Daniel
Boone vira mod com anos 80 e jaquetinhas eduardianas, deixando
os fashionistas com a pulga atrás
da orelha -até que enfim, aqui
em Nova York, numa temporada
quase previsível.
O que não foi nada divertido foi
a descida daquelas 500 pessoas
neuróticas dali, em elevadores
que cabiam no máximo 20 pessoas. A semana da moda tem dessas coisas.
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