|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTES PLÁSTICAS
Evento mescla passado com produção contemporânea de 36 artistas plásticos, arquitetos e designers
Ousadia marca 50 anos da Bienal de SP
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ousadia e risco são as idéias que
norteiam a exposição que irá celebrar os 50 anos da Bienal Internacional de São Paulo, em maio.
"Nós nos colocamos no lugar de
Ciccillo Matarazzo, o fundador da
Bienal, e planejamos como seria
uma Bienal organizada por ele em
2001", conta Carlos Bratke, o presidente da Fundação Bienal. "Como Ciccillo era um homem de seu
tempo, fizemos questão de inovar", completa o arquiteto.
A mostra será inaugurada no
dia 23 de maio e já está com o projeto definido, agora em busca de
patrocínio. A Folha teve acesso
aos artistas contemporâneos já
confirmados para o evento (leia
quadro nesta página).
"Bienal: Os Primeiros 50 Anos"
será dividida em três módulos. O
núcleo Ciccillo Matarazzo, em homenagem ao criador da Bienal,
irá conter uma retrospectiva de
cada edição do evento com seus
contextos político, econômico e
cultural, vistos por meio de uma
linha do tempo projetada por
Chico Homem de Mello.
Já o núcleo Acervo do MAC,
com curadoria de Heloise Costa,
irá apresentar cerca de 40 obras
do acervo do Museu de Arte Contemporânea, todas premiadas nas
bienais, no período de 57 a 73, que
foram doadas ao museu.
Entretanto a parte mais pulsante da comemoração será o núcleo
Contemporâneo. Quatro curadores, das áreas de artes visuais (Daniela Bousso e Maria Alice Milliet), arquitetura (Pedro Cury) e
design (Marili Brandão), preparam uma mostra que irá integrar
todos esses meios. Eles analisaram cerca de 70 projetos e escolheram 36.
"Queremos romper com a idéia
de salas isoladas e desenvolvemos
um conceito em que tudo convive, como ocorre nas grandes metrópoles", diz Maria Alice.
Assim, as obras selecionadas
são fruto de projetos desenvolvidos especialmente para a mostra.
"É um trabalho de curadoria diferente, estamos nos adequando às
sugestões dos artistas e trabalhando em conjunto para integrar os
trabalhos", diz Daniela. "O importante nesta mostra é que não
pensamos mais na contemplação
da obra de arte, mas buscamos
envolver o público, o que é a característica principal da produção
contemporânea."
Por isso pode-se estranhar que
não haverá pintura, por exemplo,
entre as obras selecionadas. Isso
ocorre porque o objetivo da mostra é explorar todos os sentidos
humanos. Um exemplo: a instalação do fotógrafo Miguel Rio Branco, composta por seis projetores
que apresentam imagens sobre
sucatas. Assim, som, imagem e
ambientação se fundem na obra,
da mesma forma que a vida acontece nas metrópoles, a referência
para os curadores.
Outra proposta é aproximar
áreas, como o restaurante e a livraria, em geral, à parte em grandes mostras. Os designers Fernando Jaeger e Maria Teixeira
Leal devem criar um bar integrado à exposição, que reflete a multiculturalidade paulista.
O arquiteto encarregado da
montagem geral da exposição é o
uruguaio Hector Vigliecca.
"Espero que a mostra seja também uma contribuição para o futuro; a colaboração entre artistas
de vários meios é rara e pode ser
incentivada a partir de agora, assim como as bienais influenciaram na história da arte brasileira",
diz Bratke.
Além da exposição, a Fundação
Bienal prepara três publicações. O
livro "Bienal: Os Primeiros 50
Anos", um compêndio com o significado histórico da bienal, que
será lançado junto com um CD-ROM contendo informações detalhadas sobre cada bienal. Esse
projeto é coordenado pelo crítico
Agnaldo Farias.
O livro, com cerca de 350 páginas, irá conter, segundo Farias,
uma introdução em homenagem
ao criador Ciccillo Matarazzo e
também uma análise do percurso
das bienais. "Nos anos 80 ela tinha
um acesso restrito a especialistas e
já nos anos 90 cresceu com a participação de um público leigo",
conta o crítico. Outro tema do livro são os cartazes das bienais.
"Eles traçam um panorama do
desenvolvimento das artes gráficas no país."
Já o catálogo do núcleo Contemporâneo será preparado pelo
webartista Jair de Souza e será
lançado somente após a abertura
da exposição para documentar
toda a montagem da mostra.
Finalmente, também está planejado um caderno sobre o pavilhão Ciccillo Matarazzo, com detalhes sobre projeto de construção e imagens em várias épocas.
O orçamento do evento é de R$
4 milhões. "Isso é o ideal, mas vamos realizá-lo com o que conseguirmos", diz Peter Tjabbes, o
coordenador-geral do evento.
Texto Anterior: Walter Salles: Tigre, dragão e cabeças cortadas Próximo Texto: Núcleo contemporâneo Índice
|