São Paulo, terça, 17 de fevereiro de 1998

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Triunfa o japonismo mineiro

João Wainer/Folha Imagem
O modelo Cássio Reis com quimono amarelo, um dos hypes do desfile de Renato Loureiro


ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha

De um jeito bem mineiro mesmo, o estilista Renato Loureiro fez um dos melhores desfiles do MorumbiFashion Brasil, na noite de anteontem. O evento que apresentou as coleções de outono-inverno de 19 marcas terminou ontem à noite, no prédio da Fundação Bienal, em São Paulo.
A expectativa era grande. Loureiro havia sido a madura revelação da última edição do evento, com uma coleção que já acenava para as proporções típicas do japonismo de Comme des Garçons e Yohji Yamamoto.
Felizmente Loureiro se manteve no desafio, inovando agora ao trazer para a sisudez oriental dos dois mestres japoneses a referência esportiva dos judocas (Cassio Reis em quimono amarelo é um dos principais momentos fashion deste Morumbi).
Está tudo certo no inverno de Renato Loureiro, numa coleção que consegue combinar pontos aparentemente opostos. É comercial com atitude; é jovial, mas atende também a clientes mais comportadas; assume o preto ao mesmo tempo em que estimula a cor (em modernos verdes, amarelos e crus).
Loureiro vai no detalhe. Os suéteres, por exemplo, vêm mais arrojados, com sua estrutura clássica puxada para o lado, em delicada assimetria; o paetê é aplicado sobre o quadrado negro do tecido geométrico, em vestidos retos e fluidos, trabalhados com estrutura de encaixe.
A alfaiataria é outro bom momento, com amarração de quimonos e leve androginia, bem como os looks que misturam veludo e esportivo (graciosas saias evasê, usadas com jaqueta e coturno).
Hits: a pantalona sintética; as camisas brancas amassadas; os looks militares masculinos e o terno preto de veludo cotelê.
Fause Haten
O estilista dividiu em dois a apresentação de suas duas vontades de moda, uma linha de prêt-a-porter, mais fácil de usar no dia-a-dia, e vestidos com tratamento de alta-costura, resolvendo a inadequação de seu verão.
Neste inverno, o talentoso estilista consegue desdobrar sua técnica e suas referências a Dior e Balenciaga em peças de bom gosto e personalidade sempre marcante, sobretudo nos looks do começo do desfile.
Transparências, inteligentes sobreposições e drapeados são o vocabulário deste primeiro segmento. Na segunda parte, território dos sofisticados sonhos de Haten, ele aproveita para desconstruir o glamour e a riqueza de seus materiais, como a mais fina musseline.
Se não são de todo belos, os looks do final mostram Fause Haten seguindo jovem e corajoso em suas tentativas de moda.



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