São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 2000


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CRÍTICA - "MÚSICA DO CORAÇÃO"
Meryl Streep deixa "baixar o santo"

SÉRGIO RIZZO
especial para a Folha

Um modo pragmático de obter ao menos uma indicação ao Oscar é incluir Meryl Streep no elenco. Em "Música do Coração", ela concorre ao prêmio pela 12ª vez, marca só alcançada por Katharine Hepburn.
Ganhou dois, como coadjuvante por "Kramer vs. Kramer" (79) e como atriz principal por "A Escolha de Sofia" (82). O filme também disputa o Oscar de canção original ("Music of My Heart", de Diane Warren).
A insistência em indicar Streep equivale ao reconhecimento da própria classe de que seria a maior atriz americana em atividade no cinema.
Já entrou para o folclore de Hollywood sua dedicação obstinada aos papéis, como quem deixa "baixar o santo", principalmente quando há sotaque ou habilidade específica a dominar. Hector Babenco já falou sobre o "transe" (extremamente profissional, diga-se) da atriz quando faziam "Ironweed" (87).
"Música do Coração" a instala outra vez em sua praia, com o ingrediente adicional de que se trata de caso verídico. Streep faz uma violinista amadora que, ao ser abandonada pelo marido, precisa trabalhar para sustentar os dois filhos. Arruma emprego como professora de música em uma escola pública do Harlem, em Nova York, e desenvolve projeto bem-sucedido que um corte de verbas ameaça interromper. Paralelamente, sua vida pessoal (filhos e namorados) é atropelada pela entrega profissional -e por um gênio duro de aguentar.
É mais ou menos a mesma história de "Mr. Holland - Adorável Professor" (95), ficção que inspirou professores de música americanos a criar uma fundação com o nome do personagem para defender o ensino de música em escolas públicas. E caminha no mesmo terreno das boas intenções do francês "Quando Tudo Começa" (99), de Bertrand Tavernier, e do chinês "Nenhum a Menos" (99), de Zhang Yimou, igualmente dedicados a resgatar a importância social do professor.
Streep deita e rola no papel, e torna engraçado lembrar que originalmente ele seria de Madonna. Quem está fora de sua praia aqui é o diretor Wes Craven, das séries "A Hora do Pesadelo" e "Pânico". Incapaz de emprestar ao drama algo mais do que um telefilme de rotina faria, assina seu atestado de limitação. Não compromete, sobretudo na direção de atores, mas também não foge uma nota do convencional. "A Violinista Assassina" lhe cairia melhor.


Avaliação:   


Filme: Música do Coração (Music of the Heart) Diretor: Wes Craven Produção: EUA, 1999 Com: Meryl Streep, Aidan Quinn, Angela Bassett, Cloris Leachman, Gloria Estefan Quando: a partir de hoje, no Cinearte 2, Jardim Sul 1 e circuito


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